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22/03/2021 às 10:00•2 min de leitura
"Não esperamos que buracos negros supermassivos se movam; eles geralmente se contentam em ficar parados", disse o astrônomo Dominic Pesce, ao comentar a descoberta de uma singularidade que faz juz ao nome: ao contrário de outras, ela está se movendo a mais de 160 mil quilômetros por hora, dentro da galáxia J0437 + 2456, a 230 milhões de anos-luz.
A ideia de que buracos negros podem vagar pelo cosmos não é nova, mas nunca um foi pego no ato – o que os pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian tentam há pelo menos cinco anos. "Singularidades são tão pesadas que é difícil imaginá-las em movimento. Demandaria uma força monstruosamente incalculável para movê-las", disse Pesce, em comunicado.
A galáxia J0437 + 2456 é o lar de um buraco negro supermassivo andarilho.
Para tentar achar um desses objetos correndo pelo cosmos, os astrônomos compararam as velocidades de buracos negros supermassivos, com água em seu disco de acreção (estrutura formada por materiais difusos que orbitam a singularidade), no interior de dez galáxias distantes. "A velocidade do buraco negro deve ser igual à da galáxia que o hospeda, não é? Do contrário, significa que o buraco negro foi perturbado."
A escolha por singularidades com água girando ao seu redor se deve ao feixe de rádio emitido por ela, tal qual um laser. “Quando usamos uma rede combinada de antenas de rádio para estudar essa radiação, através de interferometria de linha de base muito longa (VLBI), conseguimos medir a velocidade de um buraco negro com muita precisão”, disse o astrônomo.
Nove buracos negros estavam aninhados no centro de suas respectivas galáxias – menos o rebelde vagando dentro da J0437 + 2456. Por que ele faz isso ainda é um mistério.
"Podemos estar observando as consequências da fusão de dois buracos negros supermassivos, na qual o buraco negro recém-nascido ainda está se acomodando no centro da galáxia”, explicou o radioastrônomo Jim Condon.
Há outra explicação: o buraco negro observado seria parte de um sistema binário. “O que estamos vendo seria um dos buracos negros desse par, com o outro permanecendo oculto por não emitir radiação", explicou Pesce, acrescentando que mais observações serão necessárias para entender por que o buraco negro vaga por sua galáxia hospedeira.