Artes/cultura
22/04/2021 às 05:00•2 min de leitura
Quando chamamos às vezes os dinossauros de “pescoçudos”, não estamos exagerando, pois, quando se trata de pescoço, nenhum animal moderno, nem mesmo a girafa, foi capaz de superar os ancestrais saurópodes, como o diplódoco, o braquiossauro e o apatossauro, cujos pescoços chegavam a atingir 11 metros de comprimento.
Um novo estudo, publicado na semana passado na revista científica iStock, chama a atenção para um dos animais pré-históricos de pescoço longo mais enigmáticos até agora: os pterossauros azhdarchid, répteis voadores de 12 metros de envergadura com pescoços mais longos do que os das nossas girafas. A questão é: como eles conseguiam voar e manter suas cabeças erguidas com esses pescoções?
O artigo revelou, através da tomografia computadorizada de raios-X, aspectos fundamentais da paleobiologia até então pouco conhecidos: uma microarquitetura interna complexa para vértebras cervicais hiperalongadas e tridimensionalmente preservadas do Alanqasp, o pterossauro azhdarchid do cretáceo.
Fonte: Davide Bonadonna/Reprodução
Há 237 milhões de anos, no final do período Triássico, um grupo de répteis terrestres começou a voar. Eram os pterossauros, a princípio criaturas pequenas com envergaduras em torno de dois metros. No entanto, já em pleno Cretáceo, entre 145 a 66 milhões de anos atrás, esses bichos passaram por mutações que lhes permitiram alcançar envergaduras de mais de nove metros.
Um problema que se coloca para animais voadores, principalmente com esse tamanho, é a dificuldade de manter a cabeça erguida quando esta se encontra no final de um pescoço muito longo. Além das tensões aplicadas às vértebras para suportar o peso da cabeça, há que se considerar o peso adicional de qualquer presa que o animal captura, e o estresse aplicado ao crânio pela força dos ventos.
Vértebra do pterossauro (Fonte: David Martill/Divulgação)
Se, em animais terrestres, essas questões são resolvidas através do adensamento dos ossos, nos animais voadores não há como adicionar peso extra. No caso dos pterossauros, os cientistas descobriram que os ossos desses animais se tornaram extremamente finos, além de preenchidos com bolsas pneumáticas.
Os pesquisadores também perceberam que eles tinham um tubo neural (que carrega a medula espinhal) dentro da vértebra em vez de por cima dela. Essa estrutura fantástica, inédita na natureza, transferia a tensão externa da vértebra para o tubo neural interno, permitindo a captura de presas pesadas sem riscos ao esqueleto cervical, e sem aumento da sua massa.