Artes/cultura
04/05/2021 às 05:00•2 min de leitura
Arqueólogos do Museu de Antropologia Haffenreffer em Rhode Island, Estados Unidos, encontram um barco de pedras viking associado ao Ragnarök, evento catastrófico considerado o apocalipse nórdico. A estrutura estava escondida no interior de Surtshellir, uma caverna de lava islandesa de quase 1.600 metros de extensão, e sugere que grupos antigos utilizavam seu interior para se refugiar contra uma destruição profetizada.
Desde a década de 1750, Surtshellir vem sendo interpretada como uma caverna que abriga bandidos e foras da lei, mas muito antes de receber essa classificação o local era um santuário de reverência a uma divindade conhecida como Surtr, líder dos gigantes-de-fogo de Muspelheim e ser destinado a lançar as chamas nos nove mundos, segundo relatos medievais islandeses da mitologia nórdica. Sua história data de quase 1.100 anos, quando uma erupção vulcânica afastou as principais tribos que habitavam as dependências de Hallmundarhraun, região que atualmente é um campo de lava e importante sítio arqueológico.
(Fonte: Kevin Smith / Reprodução)
De acordo com os pesquisadores, a caverna foi ocupada logo após o resfriamento da lava, e a explosão vulcânica surgiu como uma preocupação para os vikings, que acreditavam ser um prenúncio para o Ragnarök. Assim, eles se esconderam no local e construíram um barco com pedras lascadas, estabelecendo um esconderijo-base para a realização de rituais de sacrifício, que consistiam na queima de ossos de ovelhas, cabras, bois, cavalos e porcos como oferenda de misericórdia ao jötunn ancião Surtr ou para fortalecer Freyr, deus da fertilidade que confronta o gigante nas lendas.
Curiosamente, vários artefatos do Oriente Médio foram encontrados na caverna, incluindo 63 contas de oração do Iraque e restos de auripigmento, um mineral brilhante raro de cor amarelo-limão ou amarelo-bronze resinoso, tradicional do leste da Turquia. "Encontrá-los dentro desta caverna foi um grande choque", disse Kevin Smith, vice-diretor e curador-chefe do Museu de Antropologia Haffenreffer, que acredita que os itens foram deixados no local como parte de aquisições em rotas comerciais.
(Fonte: Wikipedia / Reprodução)
Há cerca de mil anos, os islandeses se converteram ao cristianismo e encerraram as atividades ritualísticas em Surtshellir. Porém, ainda existem pessoas que acreditam nas tradições ancestrais, e caracterizam o sítio como "o lugar onde Satanás emergiria no Dia do Juízo Final", em adaptação à fé atual.