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07/05/2021 às 08:12•3 min de leitura
Desde seu início, a pandemia de COVID-19 incluiu muitas palavras novas no nosso vocabulário — e, infelizmente, comorbidade é uma delas. Na última semana, a palavra foi ainda mais repetida, especialmente na mídia, levando muita gente a se perguntar: afinal, o que é uma comorbidade? Quais doenças podem ser encaixadas no conceito?
Para entender porque esse debate ficou mais forte, vamos voltar para terça feira (04/05): nesse dia, os milhões de fãs do ator Paulo Gustavo em todo o Brasil receberam a triste notícia de seu falecimento, após semanas de luta contra complicações da COVID-19. Há muito tempo a morte de um ídolo tão jovem, com apenas 42 anos e dois filhos pequenos, no auge do sucesso, não comovia tanta gente.
Imagem: Jornal O Dia/Reprodução
Por isso, quando a final do BBB 21 começou na Rede Globo, onde o ator trabalhava, os espectadores esperavam que o apresentador Tiago Leifert fizesse alguma menção a essa triste notícia. Visivelmente emocionado, ele deu a notícia do falecimento para os finalistas do programa — que estavam confinados desde janeiro e, portanto, não sabiam nem que Paulo Gustavo havia sido internado, em março. Contudo, Leifert cometeu uma gafe ao dizer, quase de passagem, que o ator tinha comorbidades.
Logo após à fala de Leifert, a atriz Tata Werneck, amiga próxima de Paulo Gustavo, foi ao Twitter para desmentir a informação de que ele tivesse comorbidades para a COVID-19.
Muitas pessoas apoiaram o posicionamento de Tata, enquanto outras iniciaram um debate sobre a asma ser ou não uma comorbidade para a COVID-19. Contudo, para responder a essa pergunta, precisamos dar um passo para trás e entender o conceito de comorbidade.
Não! Paulo não tem comorbidades! Teve asma há 10 anos atrás e nunca mais teve crise. Enxerguem a realidade! Parem de negar a gravidade desse vírus! https://t.co/qzng3DqTcK
— Tata werneck (@Tatawerneck) May 4, 2021
O neurologista Clay Brites, em seu canal NeuroSaber no YouTube, que comorbidade é a associação de doenças em um mesmo indivíduo, de modo que uma condição pode agravar o quadro da outra. Um dos exemplos mais comuns é o da hipertensão arterial, quando ocorre em uma pessoa que já tem diabetes: diz-se que as duas doenças estão em comorbidade.
Já o psiquiatra Daniel Martins de Barros, também no YouTube, afirma que as comorbidades também são comuns nessa especialidade, com pessoas que sofrem de ansiedade e depressão ou síndrome do pânico, com uma condição influenciando no quadro da outra. Fenômenos semelhantes acontecem com problemas neurológicos, cardiovasculares, e várias outras especialidades, além de ocorrer em idosos.
Em vista dessas explicações, a gente entende que não é qualquer doença que é comorbidade para a COVID-19. Esse é o caso da asma, ainda mais a de Paulo Gustavo, que estava controlada há anos. Mas a falta de relação entre essas duas doenças, de fato, pode surpreender algumas pessoas.
Isso porque a asma é uma condição que dificulta a respiração e a COVID-19 é uma doença respiratória. É a lógica... Mas estudos científicos já comprovaram que pessoas com asma não sofrem riscos maiores que a média de serem infectadas pelo Sars-CoV-2, nem de desenvolver formas graves da doença. Então, o perigo é o mesmo para todos e, provavelmente, a asma não influenciou na triste situação de Paulo Gustavo.
Apenas pessoas com quadros severos dessa doença, que efetivamente tem dificuldade para respirar no dia a dia e precisam fazer uso de corticoides, estão incluídos na lista de comorbidades para a vacinação. Essa, aliás, é a outra razão pela qual o termo se tornou muito debatido nos últimos dias.
Imagem: Gustavo Fring/Unsplash
Cada estado e prefeitura divulgou uma lista de comorbidades. Mas, de modo geral, elas incluem doenças pulmonares graves (como asma severa e fibrose cística), diabetes mellitus, problemas cardiovasculares (arritmias, insuficiência cardíaca e etc), acidente vascular cerebral (derrame), doenças renais crônicas, obesidade mórbida, cirosse e quadros de imunossupressão (como pessoas com HIV). Quem tem síndrome de Down também está na lista de prioridades.
É importante comprovar sua comorbidade para ter direito à vacina, levando exames, receitas ou laudos médicos. As pessoas com deficiência podem levar o comprovante do BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago pelo governo às PCDs). De todo modo, vale a pena consultar a sua prefeitura para saber mais detalhes sobre a vacinação para pessoas com comorbidades no seu município.