Estilo de vida
26/05/2021 às 05:00•4 min de leitura
Eu quase 30 anos e cresci acreditando que, a partir dos anos 2000, a ciência já teria desenvolvido quase tudo que tinha para desenvolver. Então, é interessante observar que a medicina avançou bastante desde o bug do milênio ou das discussões sobre um possível clone humano, no início do século XXI — e continua avançando a cada dia. Até porque mais de um quinto deste século já se passou. Sim, estamos ficando velhos.
Nos próximos parágrafos, a gente apresenta 6 das mais importantes descobertas da medicina realizadas desde os anos 2000. Se você tiver mais alguma sugestão para essa lista, pode mandar nos comentários.
No final do século XX, o vírus HIV se espalhou pelo mundo e se tornou uma pandemia muito antes das doenças respiratórias (H1N1, Covid-19) com que sofremos atualmente.
Até o início dos anos 1990, contrair essa doença era quase uma sentença de morte. Depois, começaram a surgir alguns avanços que melhoraram o prognóstico — mas, mesmo assim, o paciente precisava tomar vários remédios, todos os dias, com uma infinidade de efeitos colaterais.
As coisas começaram a mudar, de verdade, com o lançamento do Atripla, em 2006, combinando vários antirretrovirais em uma só medicação, com menos efeitos colaterais. Em anos seguintes, surgiram ainda o Stribild, Juluce e Dovato, que aumentaram muito mais as opções dos pacientes com HIV.
Graças a esses avanços, é possível controlar o avanço do vírus em pouco tempo após o início do tratamento, com o paciente estando indetectável — isto é a carga viral em seu organismo é extremamente baixa e ele pode continuar sua vida normalmente.
Imagem: Anna Shvets/Pexels
Do Robocop ao Homem Biônico da série dos anos 1970, implantes eletrônicos em seres humanos eram coisa de ficção científica no século XX e as pessoas que não possuíam algum membro de seu corpo tinham poucas opções de próteses, que eram caras e não funcionavam tão bem.
Desde os anos 2000, a tecnologia e a medicina conseguiram desenvolver braços que podem ser manipulados pelo pensamento, com eletrodos ligados ao cérebro. Ainda é necessário avançar para que eles realmente funcionem como os braços biológicos, mas já existem próteses biônicas com dedos que a pessoa pode abrir e fechar para pegar um objeto, por exemplo.
Nesse sentido, é interessante observar que a tecnologia de impressão 3D está sendo desenvolvida a passos largos, nos últimos anos. Assim, esse tipo de prótese poderá se tornar muito mais acessível, no futuro próximo.
Imagem: Wikimedia Commons
Na virada dos anos 2000, a grande expectativa da ciência moderna — com inúmeras matérias sobre o assunto em revistas e programas de televisão — era o projeto Genoma Humano, que iria mapear e ler nosso DNA.
O programa foi finalizado três anos depois, com descobertas importantíssimas sobre a genética humana e incontáveis avanços para a medicina. Agora, a ciência conhece os genes responsáveis por cerca de 5 mil doenças (contra 60, antes do projeto).
Além disso, é muito mais simples e barato mapear a genética de uma única pessoa — o que permitiu o surgimento da medicina genética. É possível ir a um laboratório e mapear seus genes, para saber se você tem tendência a desenvolver alguma doença antes que ela se manifeste. Um exemplo clássico é o da atriz Angelina Jolie, que removeu as duas mamas, após descobrir que tinha grandes chances de desenvolver um câncer.
Imagem: Wikimedia Commons
Até os anos 2000, as principais opções para tratar algum câncer eram a radioterapia ou quimioterapia — que atacavam o câncer, mas também as células saudáveis, causando muitos efeitos colaterais e afetando a qualidade de vida do paciente. Em 2000 mesmo, o Brasil acompanhou o drama da personagem Camila, na novela Laços de Família, com um tipo de câncer de medula.
Desde então, as terapias-alvo permitem que as células cancerígenas sejam atacadas de forma muito mais assertiva, sem afetar tanto o resto do organismo. Isso não apenas faz com que o tratamento seja menos sofrido, mas também mais efetivo.
Esse item da lista está diretamente relacionado com o anterior, já que, nos últimos anos, a medicina genética começou a desenvolver medicações personalizadas para pacientes de câncer, com base em seu genoma e no que será mais efetivo em seu organismo. Isso não quer dizer que a humanidade venceu a guerra contra o câncer, infelizmente, porém venceu uma importante batalha.
Imagem: Anna Tarazevich/Unsplash
Isso tem tudo a ver com a situação em que estamos vivendo, com a pandemia de covid-19 e a corrida mundial por vacinas para a doença. Em partes, foi possível desenvolver os imunizantes e iniciar a aplicação deles tão rápido porque a ciência já estava trabalhando em pesquisas de vacinas de RNA.
A diferença é que as vacinas tradicionais injetam um vírus inteiro, mas inativo, no nosso corpo — o nosso sistema imunológico entende isso como uma ameaça e desencadeia a resposta que será usada numa infecção real. Já as vacinas de RNA injetam os códigos das células que o corpo precisa produzir na resposta imune, como se estivessem dando instruções para nosso corpo combater o vírus.
Isso, claro, é uma explicação bem resumida e simplificada, mas que permite entender como as vacinas de RNA — incluindo as da covid-19 — estão entre os mais valiosos avanços da ciência no século XXI.
Imagem: RF Studio/Pexels
Do início do século para cá, as mortes por ataques cardíacos diminuíram em cerca de 40%, de acordo com a American Heart Association. Isso é possível porque, em primeiro lugar, os medicamentos avançaram: novas drogas, como a Sinvastatina, desaceleram o progresso de problemas que causam ataques cardíacos.
Mesmo quando os infartos acontecem, o tratamento é muito mais assertivo, hoje em dia: coágulos podem ser desmanchados com remédios, restaurando o fluxo sanguíneo.
Imagem: Jesse Orrico/Unsplash