Artes/cultura
03/06/2021 às 13:00•3 min de leitura
Como chegamos até aqui? Sabemos que as espécies humanas evoluíram durante milhares de anos para chegar até ao Homo sapiens. Mas como se deu essa evolução e o que fez com que a nossa espécie fosse vitoriosa e não desaparecesse como outras espécies já extintas?
Em 1758, o cientista sueco Carl Linnaeus foi o primeiro pesquisador a dar aos humanos o nome de H. sapiens. O termo em latim significa homem sábio. O Homo sapiens é uma espécie de primata altamente inteligente, incluindo todos os seres humanos vivos. Nossa espécie também pode ser chamada de Homo sapiens sapiens. Na linhagem de evolução do gênero Homo, espécies e subespécies, somos os únicos que ainda não fomos extintos.
As habilidades de fazer arte e relatar momentos é um dos indícios de evolução das espécies. (Fonte:Freepik/Powerbee)
Há 6 milhões de anos uma espécie ancestral de humanos, chimpanzés e bonobos vivia no continente africano. Nessa época, um grupo desses "macacos ancestrais" começou a se diferenciar e se separar, dando início aos hominíneos.
Este ramo é o começo da nossa árvore evolutiva, incluindo todos os humanos modernos, espécies já extintas e membros dos gêneros Homo, Australopithecus, Paranthropus e Ardipithecus.
Depois que os hominíneos se separam de outros macacos, ainda havia milhões de anos até que qualquer espécie de Homo comece a surgir. Embora já existam muitos estudos e descobertas, a origem do gênero Homo segue obscura. Sabe-se, por exemplo, que o fóssil mais antigo dessa espécie encontrado até hoje, relatado na revista Science em 2015, data de 2,8 milhões de anos atrás, embora não se saiba precisar de qual espécie ele pertenceu.
Possivelmente, o H. sapiens mais antigo, descrito em um artigo na Nature em 2017, pode ter aparecido há 315 mil anos. Os restos fossilizados encontrados junto com ferramentas de pedra dentro de uma caverna marroquina sugerem que os humanos modernos tenham surgidos nesse período, bem antes do que se imaginava até então.
Quando se trata de descobrir exatamente quantas espécies distintas de humanos já existiram, é difícil dizer, pois até os dias atuais os pesquisadores continuam desenterrando novos fósseis que acabam derivando novos estudos. O Museu Nacional de História Natural Smithsonian listou pelo menos 21 espécies humanas reconhecidas pela maioria dos cientistas.
Nos últimos 15 anos, o número de espécies de Homo conhecidas passou de quatro para nove, segundo o especialista em evolução humana Chris Stringer, do Museu Britânico de História Natural. Mas, apesar de o Homo sapiens ser a única espécie sobrevivente, nem sempre foi assim. Há milhares de anos, havia muitas outras espécies na terra.
Presume-se que o Homo sapiens viveu ao lado de oito espécies de humanos há cerca de 300 mil anos, além das espécies que vieram antes. Há ainda discussões acerca de definição da espécie devido a cruzamentos entre neandertais, H. sapiens e H. denisovans — espécie descoberta na caverna Denisova, na Rússia.
Dessa forma, alguns estudiosos acreditam que as espécies deveriam ser agrupadas, sendo humanos modernos H. sapiens sapiens, enquanto os neandertais seriam H. sapiens neanderthalensis e os Denisovans seriam H. sapiens denisovans. Contudo, Chris Stringer reforça que humanos e neandertais são espécies distintas porque sua estrutura óssea é diferente. Ou seja, mesmo com cruzamentos, as espécies são diferentes.
O tamanho dos crânios são uma das características que diferenciam as espécies. (Fonte: Shutterstock/Puwadol)
Para definir a nossa espécie das demais, alguns pesquisadores identificam essas diferenças pelo esqueleto, enquanto arqueólogos dizem que é o comportamento que define os humanos modernos. Por isso, não há um consenso sobre uma definição exata do que constitui o gênero Homo, de acordo com uma revisão de 2015 publicada na revista Science.
De maneira geral, anatomicamente, o gênero Homo tem uma caixa craniana longa e baixa e uma saliência da sobrancelha forte e contínua. Já a espécie H. sapiens tem características físicas distintas com uma grande caixa craniana arredondada, ausência da saliência nas sobrancelhas, um queixo e uma pelve estreita em comparação com outras espécies do mesmo gênero.
Para os estudiosos que acreditam que o comportamento é o que diferencia as espécies do gênero Homo, a principal diferenciação é por meio das características físicas e comportamentais. Essas características são evidências de comportamento como enterro de mortos, arte ritual, decoração, tecnologia de lâmina e pesca, entre outros.
No entanto, os pesquisadores apontam que esses hábitos referem-se a comportamentos eurocêntricos e podem não ser aplicados a H. sapiens encontrados em outras partes do mundo. Essas informações fazem parte de uma revisão de 2003 publicada na revista Current Anthropology.