Ciência
17/07/2021 às 11:00•2 min de leitura
O que você acha que terá mudado ou mudará quando o coronavírus estiver finalmente sob controle no mundo todo?
Há 101 anos, após 50 milhões de mortes pelo mundo todo, as pessoas e os governos estavam fazendo essa pergunta quando conseguiram passar pela sombra da epidemia da Gripe Espanhola de 1918.
Possivelmente, tudo o que o século XIX sofreu com a doença foi o principal responsável por remodelar o pensamento social e das autoridades sobre saúde pública. Naquela época, não havia um pensamento unificado sobre saúde e, em um mundo dominado pela industrialização, muitos médicos e instituições trabalhavam de maneira própria, financiada por caridade ou por entidades religiosas.
No final das contas, a maioria da população (os pobres) não tinham acesso à saúde de maneira adequada.
(Fonte: BBC/Reprodução)
Em uma epidemia onde a “doença de multidão”, como a gripe foi chamada, atingia todas as esferas sociais, as autoridades de saúde entenderam que não era eficaz tratar um indivíduo infectado de maneira insolada porque isso não retardaria a progressão da doença.
A Rússia da década de 1920 foi o primeiro país a estabelecer um sistema de saúde público centralizado, financiado através de um esquema de seguro estatal e copiado por outros países da Europa Ocidental. A assistência médica para todos de maneira gratuita era a única oportunidade que a humanidade por si só tinha para combater futuras epidemias.
Os Estados Unidos, no entanto, foram à contramão desse sistema ao implementarem planos de seguro baseados no empregador — embora também tomando medidas para consolidar os cuidados de saúde após a gripe.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Em 1924, o governo soviético lançou ao mundo o estudo da "epidemiologia" para estudar causas e condições das doenças, visando evitá-las no futuro. Esse tipo de nova medicina considerada "sociológica" foi se aproximando mais do molde do que vimos hoje como sistema de saúde.
Nos anos seguintes, muitos países criaram ou reformularam os ministérios da saúde, dando origem a um escritório internacional de combate às epidemias, que seria o precursor da atual Organização Mundial da Saúde (OMS), em Viena, na Áustria. A criação do órgão significou o momento em que os países reconheceram a necessidade de coordenar a saúde pública em esfera mundial, visto que as doenças contagiosas não conhecem fronteiras.
A OMS foi a responsável por declarar que o mais alto padrão de saúde possível é um dos direitos fundamentais de todo o ser humano, sem distinção de raça, religião, crença política ou condição socioeconômica; arruinando com o conceito dos eugenistas ao determinar que pandemias são um problema de ordem social.