Estilo de vida
24/07/2021 às 05:00•2 min de leitura
Em 1934, uma cadeia de eventos que mudou a história do mundo também representou uma grande ameaça: o físico Enrico Fermi e seus colegas bombardearam urânio com nêutrons pela primeira vez e, 4 anos depois, em um laboratório da Universidade de Berlim, os químicos Lise Meitner, Otto Robert Frisch e Otto Hahn descobriam que o átomo poderia ser dividido, aproximando-se do conceito de fissão nuclear mencionado por Ida Noddack. Então, em 1942, eles construíram o Chicago Pile-1, o primeiro reator nuclear do mundo.
Em janeiro de 1940, a Operação Gunnerside surgiu da necessidade das forças Aliadas norueguesas deterem o esforço da Alemanha nazista de Adolf Hitler de construir uma bomba nuclear na Noruega, invadida pelas tropas da SS. O objetivo era sabotar a fábrica de produtos químicos Vemork, localizada no condado de Telemark, para retardar o processo de fabricação de uma bomba atômica e permitir que os Estados Unidos disparassem na disputa nuclear por meio de seu Projeto Manhattan.
Leif Tronstad. (Fonte: Famous Fix/Reprodução)
O coronel Leif Tronstad, também professor de Química antes de entrar para o Exército, disse aos seus soldados que a fábrica Vemork produzia "água pesada", considerada rara na natureza por ter moléculas de água com átomos de hidrogênio mais pesados.
Diante da dificuldade de encontrar "água pesada" em abundância, os alemães tiveram que produzi-la artificialmente em um processo lento e trabalhoso, mas que, para eles, era a única maneira de criar uma reação em cadeia que geraria a explosão de energia que procuravam. Esse caminho era considerado muito mais complexo em relação ao que os cientistas americanos faziam, escolhendo desacelerar os nêutrons emitidos pelo urânio enriquecido com grafite.
A estratégia da Operação Gunnerside era colocar um pequeno grupo de esquiadores de paraquedas e levemente armados no deserto gelado que cercava a fábrica para entrarem usando a rapidez, e não a força. Eles iriam até a sala de produção de água pesada e a destruiriam com explosivos. Com isso, os alemães não teriam mais vantagem alguma.
(Fonte: Atomic Heritage/Reprodução)
Em 28 de fevereiro daquele ano, um grupo de 10 soldados voaram para Vemark para iniciar o plano. Eles desceram até o fundo da ravina, que servia como uma espécie de fosso protetor para a fábrica, tendo apenas a escuridão como o melhor disfarce.
Eles cruzaram o riacho congelado para poder escalar o penhasco até a instalação, evitando totalmente a ponte fortemente guardada. Os alemães achavam que a ravina era intransponível, então não se preveniram contra nenhum ataque vindo dela.
(Fonte: Atomic Heritage/Reprodução)
Por meio de um mapa fornecido por um espião infiltrado, os noruegueses conseguiram chegar até a sala de água pesada e colocar os explosivos. Os homens escaparam camuflados pelo caos que foi criado na fábrica assim que houve a detonação. Nenhum tiro foi disparado e ninguém morreu, apenas a esperança dos nazistas de sair na frente dos Estados Unidos de uma vez por todas. Porém, apesar dos esforços, os alemães não conseguiram fabricar sua bomba atômica a tempo de lançá-la durante a Segunda Guerra Mundial.
Em um dos episódios militares mais emblemáticos do conflito, a dúvida que resta até hoje é: o que teria mudado se Adolf Hitler tivesse uma bomba nuclear pronta em mãos?