Artes/cultura
30/07/2021 às 04:00•2 min de leitura
No último domingo (25), uma lagoa no sul da Patagônia (Argentina) adquiriu uma coloração cor-de-rosa em um fenômeno assustador. Segundo especialistas e ativistas que analisaram o local, as águas de Corfo mudaram de cor em decorrência do lançamento de produtos químicos, utilizados por uma fábrica da região para preservar camarões e exportá-los.
Em nota compartilhada pelo The Independent, foi relatado que o tom magenta surgiu por conta da presença de sulfito de sódio nas águas, produto utilizado em larga escala por fábrica de peixes para eliminar bactérias e impurezas dos animais. Os resíduos aparentemente contaminaram o Chubut, principal rio da província argentina de mesmo nome, e chegaram não somente à lagoa do Corfo, mas também a outros mananciais que dão continuidade ao fluxo de água.
"Quem deveria estar no controle é aquele que autoriza o envenenamento de pessoas", comentou o ativista Pablo Lada, em declaração à agência France-Presse, confirmando que mau cheiro e restos de lixo tóxico, que deveriam ser eliminados por responsabilidade do governo argentino, vêm sendo reportados por moradores e estudiosos desde o início de julho deste ano.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Por lei, o sulfito de sódio produzido pelas fábricas deve ser tratado antes de ser despejado, mas a fiscalização e as autoridades locais não observam a composição do material e não vigiam a procedência dos dejetos derivados do Parque Industrial de Trelew, de acordo com os moradores. Assim, o fato vem revoltando ainda mais os habitantes locais e das cidades vizinhas, que veem o problema se intensificar e aumentar os níveis de toxicidade na terra e no ar.
A ausência de regulamentação e rigidez governamental despertou um instinto de justiça nos moradores, que passaram a restringir a movimentação de cargas na fronteira de suas cidades. Assim, operações bloquearam estradas usadas por caminhões que realizam regularmente o transporte de lixo e restos da fábrica, mas infelizmente acabaram permitindo o despejo na lagoa de Corfo, após uma autorização provisória ordenada pelas autoridades.
Juan Micheloud, chefe de controle ambiental da região, declarou que a cor rosa não irá afetar negativamente o ecossistema e deverá desaparecer completamente em alguns dias. Porém, instituições de proteção combatem o descaso e o favorecimento ao lançamento de lixo químico, exigindo um papel sustentável de indústrias em evitar danos ao meio ambiente.