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20/08/2021 às 11:00•2 min de leitura
Em 2018, um fazendeiro da província de Henan (China) encontrou uma caixa com pedaços arredondados de rocha, e isso imediatamente atraiu a atenção de cientistas, que passaram os anos seguintes estudando uma curiosa esfera de pedra no formato de bola de bilhar. Agora, finalmente, os resultados das pesquisas foram revelados, e a Universidade de Geociências da China informou que a rocha é, na verdade, o ovo de uma tartaruga gigante extinta e contém os restos embrionários de um filhote do Cretáceo.
Segundo o estudo dos especialistas Fenglu Han e Haishui Jiang publicado na revista Proceedings of the Royal Society B na última quarta-feira (18), o fóssil pertence a um grupo extinto de tartarugas terrestres da família Nanhsiungchelyidae, caracterizada por atingir tamanhos colossais e andar pela Terra há aproximadamente 145 milhões de anos. As análises do ovo estimaram que a tartaruga era excepcionalmente grande e tinha um casco capaz de atingir até 1,5 metro de diâmetro, sendo um dos maiores espécimes da era geológica em questão e da família de animais.
(Fonte: Yuzheng Ke — Live Science/Reprodução)
Em relação ao embrião, paleontólogos acreditam que seja da espécie Yuchelys nanyangensis, de aproximadamente 90 milhões de anos, que estava contido em um ovo rígido que mede entre 5,4 centímetros e 5,9 centímetros de diâmetro. A análise conseguiu determinar, de forma inédita, uma descrição e a taxonomia de um embrião de tartaruga ainda dentro do ovo e foi realizada em uma microtomografia computadorizada que utilizou raios X para explorar o interior rochoso do fóssil. Em seguida, os pesquisadores encontraram um grupo de ossos desarticulados e conseguiram reconstruir a imagem, moldando virtualmente um pequeno esqueleto.
Apesar de a estrutura embrionária ser parecida à de tartarugas modernas, com as costelas achatadas, o maxilar da cria apresentou semelhanças aos das tartarugas da família Nanhsiungchelyidae, devido à forma parcialmente quadrada e à presença de serrilhados na extremidade posterior. Porém, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a casca robusta do ovo, que difere das cascas finas tradicionais com seus quase 2 milímetros de espessura (quatro vezes maior que a dos ovos das tartarugas-gigantes-de-galápagos).
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Especula-se que o propósito da resistência era um mecanismo de adaptação ao clima árido, já que uma casca espessa conseguiria limitar o extravasamento de água para o meio externo. Além disso, poderia evitar quebras e danos, dando proteção a choques caso as tartarugas cavassem profundamente o solo.
Considerado uma mina de ouro para os estudos de comportamentos e hábitos pré-históricos, o ovo foi determinante para a identificação de outros ninhos em áreas remotas e espera-se que passe a estimular a comunidade científica a desvendar a vida de criaturas curiosas e trabalhar com qualidade os fósseis de tartarugas.