Teledáctilo: a invenção que poderia cuidar de pacientes a distância

01/09/2021 às 02:002 min de leitura

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a década de 1920 já se provava ser o período em que seriam iniciados os avanços tecnológicos, principalmente entre os meios de comunicação. O rádio já era usado como meio de transmissão, os filmes mudos, que passaram a ser falados, transformaram a indústria do cinema e a televisão começava a ganhar forma.

Foi nesse cenário de inovação que o inventor Hugo Gernsback, pioneiro no rádio e no mercado editorial nos Estados Unidos (EUA), criou, em 1905, o primeiro rádio doméstico chamado Telimco Wireless, anunciado na Scientific American por US$ 7,50 na época.

Na edição de 1925 da revista Science and Invention, Gernsback escreveu a promessa de um equipamento em 1975 que seria o ápice do avanço tecnológico no mundo.

Cuidando a distância

Hugo Gernsback. (Fonte: Autoren Lexicon/Reprodução)Hugo Gernsback. (Fonte: Autoren Lexicon/Reprodução)

Chamado "Teledáctilo" pelo inventor, o equipamento permitiu aos médicos ver seus pacientes — atual processo de monitoramento intitulado telemedicina — e tocá-los a quilômetros de distância por meio de braços mecanizados.

Como Gernsback deixou claro na edição de fevereiro de 1925 da revista, ele gostaria de proporcionar a "sensação de toque a distância". Para o homem, não era impossível, visto que eles tinham o telautógrafo (precursor analógico da máquina de fax), que transmitia impulsos elétricos registrados por potenciômetros na estação emissora para servomecanismos presos a uma caneta na estação receptora, reproduzindo o desenho ou uma assinatura feita pelo remetente.

(Fonte: Cybernetic Zoo/Reprodução)(Fonte: Cybernetic Zoo/Reprodução)

O Teledáctilo seria algo similar, porém com refinamento adicional. O médico manipularia seus controles e veria o que acontecia através de uma tela de televisão no quarto do paciente. Tudo isso em uma espécie de máquina que daria uma resposta sensorial, permitindo ao médico não apenas manipular seus instrumentos, mas também sentir a resistência pelos controles sensíveis ao som e ao calor, que seriam essenciais para precisar diagnósticos futuros.

À frente de seu tempo

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Gernsback já se posicionava como "um homem do futuro" em uma sociedade em que seria preciso agir a distância. “Em vez de visitar nossos amigos, agora telefonamos para eles. Em vez de ir a um show, ouvimos pelo rádio. Logo, por meio da televisão, podemos ficar em casa e assistir a uma apresentação teatral, ouvindo e vendo”, escreveu na revista.

“À medida que progredimos, descobrimos que nossos deveres se multiplicam e temos cada vez menos tempo para transportar nossos corpos físicos”, afirmou.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

O inventor deu como exemplo a profissão dos médicos, que visava facilitar, alegando que chegaria o momento em que eles não poderiam visitar seus pacientes como era de costume. No entanto, Gernsback queria que seu Teledáctilo entrasse para a vida das pessoas, abrangendo todas as áreas e profissões, possibilitando, por exemplo, que alguém assinasse cheques ou documentos a distância.

A invenção não chegou nem perto de se concretizar, como a maioria das ideias que ele teve. No entanto, quando o assunto era Hugo Gernsback, sempre foi sua visão de futuro a verdadeira invenção, muito mais do que aquilo que saía ou não do papel.

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