Ciência
19/09/2021 às 11:00•2 min de leitura
Você sabia que o núcleo interno da Terra cresce mais rápido de um lado do que de outro? Pois é, eu também não fazia ideia disso até começar a escrever esta matéria para o Mega. Trata-se de um fenômeno bastante inusitado que a Ciência descobriu recentemente a partir de estudos de sismólogos, geodinamicistas e físicos minerais.
Isso acontece porque, diferente do que o escritor Júlio Verne dizia, o centro da Terra é repleto de ferro em altas temperaturas — já que esse metal é mais pesado, ele é que foi puxado para o núcleo no processo de formação do planeta, deixando outras substâncias na superfície.
O negócio é que, conforme a temperatura abaixou um pouco, esse ferro foi se solidificando — não porque está frio lá embaixo, mas porque as pressões extremas permitem que o ferro fique em estado sólido, mesmo a altas temperaturas — e é aí que começa essa história das metades desproporcionais do planeta.
Imagem: brgfx/Freepik
Tem muito ferro no centro da Terra — tanto que esse processo de resfriamento e solidificação ainda não acabou, mesmo bilhões de anos depois da formação do planeta. Estima-se que essa parte sólida do núcleo interno do planeta cresça 1 milímetro por ano.
Parece pouco, mas são 8 mil toneladas de ferro fundido virando ferro sólido por segundo — é difícil uma metalúrgica aqui em cima conseguir fazer tudo isso tão rápido, né? Pois então isso vai continuar rolando pelos próximos bilhões de anos, até que todo o núcleo do nosso planeta azul fique sólido e, por consequência, a Terra fique sem seu campo magnético.
Porém, antes que o mundo acabe porque a Terra não tem mais seu campo magnético protetor, esse núcleo de ferro fundido continua se solidificando (e crescendo) 1 milímetro por ano, em um ritmo que não é proporcional.
Os cientistas descobriram que a parte leste, que fica abaixo daquela região da Ásia e do Oceano Índico, cresce mais rápido do que a parte oeste — que, veja só, passa debaixo do Brasil.
Toda essa explicação nos faz voltar para a pergunta do título: como a Terra não inclina — ou a gente não sente nada aqui em cima — se o núcleo do planeta está se transformando de um jeito torto? A resposta é bem simples: a gravidade.
Há muita força gravitacional atuando no núcleo da Terra (até porque tem gravidade no planeta todo), de modo que o ferro sólido acaba se reequilibrando em uma esfera. O máximo que acontece é um descompasso na velocidade das ondas sísmicas no núcleo, mas nada que a gente possa sentir daqui.