Estilo de vida
27/09/2021 às 02:00•2 min de leitura
A natureza tem causado um fenômeno interessante e preocupante na Cidade do México. Segundo estudos, a capital mexicana tem afundado cerca de 50 cm por ano — e não há nenhum indício de que isso vá parar tão cedo. Como complicador, essa transformação geográfica vem sendo responsável por provocar diversas mudanças na paisagem da metrópole com 20 milhões de habitantes.
Prédios, pontos turísticos e ruas por todos os bairros parecem exibir um crescente número de rachaduras e fissuras. Longe do olhar da população, a mesma coisa acontece com os canais de esgoto, água e gás no subterrâneo. Então, o que tem provocado essas graves mudanças geológicas e o que os cidadãos locais podem esperar?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em um primeiro momento, é comum para as pessoas acreditarem que a causa para o afundamento da Cidade do México seja os terremotos que quase rotineiramente atingem o município. Embora os abalos sísmicos possam de fato provocar danos estruturais, eles não são o principal culpado nesse fenômeno.
Existe um nome relativamente desconhecido para o problema: a subsidência do solo. Mas o que é isso? Subsidência é um processo geológico de afundamento do solo sem movimentação horizontal. Ela pode ocorrer de maneira lenta ou acelerada, além de poder ter causas naturais ou consequência humana.
Os terremotos até conseguem provocar a subsidência, mas os fatores mais comuns normalmente são a mineração excessiva ou a extração de água no subsolo. Na Cidade do México, os índices de afundamento do solo estão realmente acelerados e até o momento os pesquisadores não conseguiram encontrar nada para fazer esse processo parar.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Segundo estudos conduzidos pela Universidade de Oregon (Estados Unidos), a Cidade do México realmente está afundando o tamanho de um indivíduo adulto a cada 3 ou 4 anos. Inicialmente, todos os indícios dão conta de que a extração de água seja a maior responsável pelo afundamento do solo na Cidade do México.
Como grande parte da água potável da capital mexicana vem de aquíferos, corpos de água no subsolo delimitados por sedimentos e rochas, a extração desse material é considerada insustentável. Além de provocar a subsidência, essa etapa causa um efeito ainda maior na metrópole.
Nesse caso, a extração de água na compactação do leito de um antigo lago sobre o qual a cidade foi construída: o Lago de Texcoco, antigo lar da cidade asteca Tenochtitlán. O uso da água na região causou o esgotamento das camadas subterrâneas, até que o leito do lago, rico em sal e argila, secou.
(Fonte: Pixabay)
A falta de água abriu uma brecha para que os minerais soltos na superfície do antigo lago se compactasse — e é exatamente isso que eles estão fazendo. Com o passar dos anos, as rochas no leito do lago aglomeram-se com mais força, o que gera um atrito entre elas e resulta no afundamento da cidade.
É um processo causado pela geologia e evolução particular da área em que a cidade foi construída. Infelizmente, essa etapa não é reversível: quando os minerais são embalados próximos demais um dos outros, eles não voltam ao mesmo espaço. Para a Cidade do México, isso pode causar problemas a longo prazo.
Como a subsidência não é uniforme em todas as partes da cidade, danos estruturais podem surgir de todos os lados. Consequentemente, se os canais de esgoto e água potável estiverem prejudicados, os cidadãos mexicanos correm o risco de sofrer com a contaminação dos líquidos e até mesmo com problemas maiores de saúde.