Ciência
11/10/2021 às 13:00•3 min de leitura
De acordo com os cientistas do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, em San Antonio (Texas, Estados Unidos), foi um asteroide de 9,6 quilômetros de largura que formou a cratera de Chicxulub, na península de Yucatan (México), responsável pela extinção dos dinossauros ao cair na Terra, há mais de 66 milhões de anos.
Além de eliminar os dinossauros não avianos, o choque matou cerca de 75% de todas as espécies de animais do planeta, culminando na maior extinção em massa até agora.
Não é de hoje que as pessoas especulam e temem que outros asteroides atinjam a Terra e dizimem a vida humana, ou boa parte dela. Um dos "mensageiros do caos" mais próximo é o Apophis, que provavelmente será muito mencionado quando abril de 2029 estiver próximo, pois é quando o objeto massivo passará bem perto do nosso planeta, em uma distância de 40 mil quilômetros — um décimo da distância entre a Terra e a Lua.
Com o temor dessa proximidade, o que poderia acontecer se ele fosse arrastado para nossa órbita?
(Fonte: Globo/Reprodução)
Cálculos científicos feitos em 2004 pela agência espacial dos Estados Unidos (NASA) afirmam que realmente havia uma chance significativa de o corpo espacial atingir o planeta. No entanto, as últimas observações já descartaram essa possibilidade devido à "dança" que está sendo feita entre a Terra, Apophis e o Sol. Isso deve acontecer até o dia em que o asteroide passe por nós, mas, se algo der errado nessa lacuna de 8 anos, as consequências serão drásticas.
O asteroide tem quase 270 metros de altura, só um pouco menos que a Torre Eiffel, com a potência de 880 megatons de energia. Para se ter ideia, a bomba de Hiroshima liberou apenas 0,15 megaton quando encontrou seu destino em solo japonês.
A extensão do dano catastrófico, porém, será determinada dependendo de qual parte da Terra a rocha atingir. Se só as bombas Little Boy e Fat Man da Segunda Guerra Mundial mataram cerca de 200 mil pessoas no processo, imagine um asteroide cuja magnitude é milhares de vezes maior. Cidades como Londres, por exemplo, com 1.572 km², desapareceriam do mapa em um piscar de olhos.
(Fonte: Dreamstime/Reprodução)
Felizmente, as chances de o asteroide acertar uma área povoada são pequenas, considerando que os oceanos cobrem 75% da superfície terrestre. Contudo, se Apophis fizer sua aterrissagem no oceano, não será uma notícia boa também.
As ondas que a rocha gigantesca pode provocar em todas as direções causariam tsunamis devastadores em vários continentes ao mesmo tempo. Ou seja, com a porcentagem de população humana vivendo em cidades costeiras, o número de mortos seria imenso. Segundo o cientista Neil deGrasse Tyson, as ondas podem destruir a costa oeste da América do Norte inteira se o Apophis encontrar o Oceano Pacífico.
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
Apesar da quantidade de mortes que a rocha pode causar caindo no mar ou sobre cidades, ainda assim não haveria extinção em massa. Por outro lado, os impactos do asteroide lançariam tanta poeira e tantos detritos na atmosfera da Terra que as mudanças climáticas se tornariam um problema ainda maior.
É importante também ressaltar que nem todas as mudanças climáticas causadas por fenômenos naturais são devastadoras ou de longo prazo. Um exemplo é o quantovulcões entram em erupção o tempo todo, e isso só interrompe brevemente o clima. Talvez o Apophis causasse problemas em um período semelhante.
(Fonte: Popular Mechanics/Reprodução)
No final das contas, muito embora seja quase certo que estaremos a salvo do asteroide gigante em 2029, não há nada que possamos fazer para impedir Apophis ou qualquer Objeto Potencialmente Perigoso (PHO). As opções de mitigação de asteroides são teóricas, em vez de reais e operacionais.
Ou seja, com Apophis ou não, estamos à mercê do que vem do espaço.