Estilo de vida
15/10/2021 às 12:00•2 min de leitura
Durante muito tempo, africanos e sul-americanos disputaram quem tinha o rio mais longo do mundo: o Nilo ou o Amazonas. Cada um tem quase 7 mil quilômetros de comprimento e essa disputa é bem difícil de resolver, porque depende de onde você começa a medir e quais são seus métodos para isso. Ainda assim, em termos de fluxo de água, o Amazonas deixa o Nilo, com uma vazão de 209 mil m3/s por segundo — mais que os sete outros maiores, juntos!
Independentemente de quem é o maior, a África também tem papel na formação do nosso maior rio — e seu nascimento está ligado a outro rio importante do continente, o Congo.
A bacia do Amazonas é a maior do mundo (Fonte: Wikimedia Commons)
Você talvez se lembre, das aulas de geografia na escola, que o mundo já teve apenas um grande supercontinente, que depois se dividiu em dois. Um deles era Gondwana, que era formado pela América do Sul, África, Antártica, Austrália e o subcontinente indiano.
É lá que começa a história do Rio Amazonas, em um grande curso d'água que atravessava o continente. Esse curso era unido com aquele que formaria a bacia do Rio Congo. Quando os dois continentes se separaram, cada rio iniciou sua história particular.
Do lado de cá, conforme a placa tectônica sul-americana se aproximou da de Nazca, uma montanha foi formada onde hoje está o Nordeste brasileiro, fechando o fluxo com o Oceano Atlântico. Nessa época, o Rio Amazonas corria “ao contrário” desaguando no Pacífico.
Contudo, milhões de anos depois, nossa placa se chocou com a de Nazca, começando a formação dos Andes. Enquanto a cadeia de montanhas foi ficando mais alta, o Rio Amazonas não conseguiu mais desaguar no Pacífico. Com isso, se formou um grande mar (ou lago) no meio da América do Sul.
É legal observar que, nessa separação, diversas espécies de água doce surgiram — como os botos, parentes dos golfinhos que vivem no mar. Também há diversos tipos de raias que vivem no Rio Amazonas que têm origens comuns com animais do Oceano Pacífico.
A história do Rio Amazonas começa na época do supercontinente Gondwana (Fonte: Wikimedia Commons)
Durante uma era glacial, o grande mar começou a tomar a forma de um rio e milhões de litros de água dos Andes se integraram à bacia amazônica, contribuindo para que ela se tornasse a maior do mundo. Além disso, a erosão e outros fenômenos, ao longo dos anos, fizeram com que as montanhas do leste do continente cedessem e abrissem passagem para o rio.
É assim que o Rio Amazonas começou a correr para o leste, desaguando no Atlântico, como hoje. Também foi nessa época que a Floresta Amazônica como conhecemos surgiu no lugar daquele enorme mar. Estima-se que o Rio Amazonas tomou sua forma atual por volta de 3 milhões de anos atrás.
O Rio Amazonas como conhecemos hoje surgiu “recentemente” (Fonte: Wikimedia Commons)
Para terminar, é interessante observar que dizer que o Rio Amazonas nasceu na África é “forçar um pouco a barra”: o rio atual tem origens na bacia proto-Amazonas-Congo de Gondwana e mudou muito até se tornar o que é hoje, como explicamos. Mas esse título e a história contada aqui nos ajudam a lembrar de como a natureza é dinâmica e está sempre em evolução.