Artes/cultura
01/12/2021 às 04:00•2 min de leitura
Por muito tempo na história muitos povos acreditavam que a Terra era plana. Essa era uma época, no entanto, em que se sabia muito pouco sobre o nosso planeta e havia pouca tecnologia para investigar. O problema é que milênios se passaram, sabemos muito sobre nosso planeta e, ainda hoje, existem pessoas que continuam com essa ideia.
Evidências existem aos montes. Contudo, a discussão com os terraplanistas não tem nada a ver com isso, ou seja, não diz respeito ao que é real ou ao processo científico.
Um fator interessante entre as pessoas que acreditam na teoria da Terra plana, é que elas chegaram a essa conclusão por motivos e evidências diferentes.
(Fonte: Shutterstock)
Por exemplo, um dos grupos de maior notoriedade acredita que a humanidade está sendo enganada por cientistas, governos e pela NASA. Não importa que existam dezenas de agências espaciais comprovando o contrário ou que a descoberta astronômica tenha sido feita por uma pessoa comum olhando o céu de seu quintal.
Sendo assim, o debate sai do “por que tem gente que ainda acredita em Terra plana?”, e passa para o “por que as pessoas acreditam em conspirações?”.
E o motivo é um velho conhecido: a falta de confiança. Muita gente alimenta desconfiança em relação à sociedade que a cerca. Em alguns casos, chega a ser algo paranoico, especialmente quando envolve membros do governo, especialistas ou cientistas.
Portanto, um terraplanista, invariavelmente, é alguém que não confia na ciência. Portanto, se você encontrar um por aí, deixe os argumentos e evidências de lado. Não vão funcionar.
Para a diretora do centro de Neurociência Integrada da Universidade Estadual de Nova York, Susana Martínez-Conde, além da desconfiança do conhecimento especializado produzido por milênios de aprimoramento da humanidade, os terraplanistas ainda entendem o ceticismo de uma maneira errada.
Boa parte dos estudos sobre os que creem na Terra plana e em outras teorias da conspiração, aponta que essas pessoas acreditam serem elas que, realmente, agem com base no raciocínio científico e na lógica, mesmo que a prática demonstre o extremo oposto.
(Fonte: Shutterstock)
Em Terra Plana, da Netflix, por exemplo, um cidadão vai fazer seus testes para comprovar a planicidade do planeta. Tenta algumas vezes, mas o aparelho não apresenta o resultado que ele queria.
Chega um momento em que ele troca o dispositivo, mas os resultados indicam que a Terra não é plana. Por fim, após algumas tentativas e mesmo trocando o equipamento que estava usando, o indivíduo conclui que a Terra é plana, e que o problema eram os aparelhos que não estavam “funcionando corretamente”.
A extensa maioria dos adeptos da teoria da Terra plana não foi convencida. Curiosamente, aqueles que acabam perdidos em busca da muralha de gelo que estaria nos limites da Terra, conseguem achar o caminho de volta ou serem encontrados com instrumentos de geolocalização desenvolvidos para a “Terra globo”. Interessante, não é?
E ainda tem aqueles que arrecadam dinheiro, não provam nada e ainda desaparecem com a verba doada pelos seus seguidores.
Essa pode ser uma discussão que algumas pessoas queiram evitar, especialmente pelo motivo que apontamos no início deste artigo: evidências não funcionam. Tendo isso em mente, a neurocientista Martínez-Cond sugere outra abordagem: despertar emoções nessas pessoas.
(Fonte: Shutterstock)
Portanto, se você estiver conversando com um terraplanista, pule as evidências, os argumentos e pergunte-se como pode construir confiança.
Aqui, vale observar dois pontos fundamentais. Primeiro, tenha certeza de manter uma comunicação clara, compreensível, objetiva e não invasiva. Segundo, paciência, ganhar a confiança de alguém é um processo que demanda tempo e persistência. Vale até pesquisar alguns truques de psicologia para isso.