La Niña: o que é e porque nos afeta?

16/12/2021 às 07:023 min de leitura

Todos os dias, os telejornais nos dão a previsão do tempo. Aliás, não só eles, já que até nossos celulares conseguem nos dizer se vai ou não chover. Contudo, toda essa informação ainda não consegue prever a La Niña.

Assim como o El Niño, a La Niña é um fenômeno climático imprevisível e de consequências muito relevantes para todo o planeta. Ainda assim, a experiência da humanidade lidando com esses fenômenos nos ajuda a traçar cenários para o clima no Brasil de 2022.

Para isso, precisamos olhar para a costa oeste da América do Sul, pois toda essa bagunça climática começa no Oceano Pacífico.

Os ventos e correntes marítimas do Pacífico

Temperatura da água influi diretamente na pesca. (Imagem: Shutterstock)Temperatura da água influi diretamente na pesca. (Fonte: Shutterstock)

As águas do Pacífico costumam ser quentes na região próxima à linha do Equador. Isso acontece porque há maior incidência solar na região — é por isso que os estados da Região Norte são quentes.

No entanto, essa região pode se tornar ainda mais quente com a ajudinha dos “ventos alísios”. Essas massas de ar se deslocam constantemente, levando calor e umidade para as áreas de menor pressão atmosférica, como é o caso da região equatorial.

Mas nem só de calor vive o Oceano Pacífico. Uma corrente marítima gelada, vinda de áreas subpolares, chamada Corrente de Humboldt, reduz a temperatura dessa região do oceano.

De forma simplificada: os ventos alísios empurram a água quente do Pacífico, fazendo com que essa água fria, da Corrente de Humboldt, suba. Trata-se de um fenômeno chamado de “insurgência”.

Essa água gelada tem mais oxigênio, o que é ótimo para a geração de matéria orgânica, alimentando os peixes e aumentando a produtividade da pesca em países como Peru e Chile.

Outras consequências são o aumento das chuvas no leste da Austrália, que recebe a água quente que foi empurrada pelos ventos alísios.

Esse cenário é tido como normal. Porém, de tempos em tempos, sem nenhuma explicação científica, toda essa interação entre ventos alísios e a Corrente Humboldt é alterada, gerando o El Niño e La Niña.

O que é o El Niño?

El Niño e La Niña impactam regime de chuvas no Brasil. (Imagem: Shutterstock)El Niño e La Niña impactam regime de chuvas no Brasil. (Fonte: Shutterstock)

No El Niño há um enfraquecimento dos ventos alísios. Logo, eles não empurram a água quente do Oceano Pacífico, fazendo com que a água fria da Corrente Humboldt não suba.

É por isso que muita gente resume esse fenômeno como o “aquecimento das águas do Pacífico”.

A água mais quente não é a ideal para formação de matéria orgânica. É por isso que na época de El Niño a pesca é prejudicada no Peru e Chile.

Como esse fenômeno ocorre com mais frequência no final do ano, os pescadores acreditavam que ele era uma espécie de castigo do menino Jesus. Daí surgiu o nome desse fenômeno climático.

No Brasil, o El Niño gera seca mais rigorosa para o sertão nordestino, chuvas intensas e calor no Sul e no Sudeste.

O que é a La Niña?

(Imagem: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Já a La Niña tem efeitos e causas inversas. Aqui os ventos alísios se fortalecem, empurrando com mais intensidade as águas quentes do Pacífico e fazendo com que a ressurgência se torne mais relevante.

Esse fenômeno costuma ser muito positivo para a atividade pesqueira do oeste da América do Sul. O leste da Austrália lida com chuvas mais fortes do que o normal, assim como sertão nordestino do Brasil.

O Sul e o Sudeste brasileiro lidam com ondas de frio mais intensas, como as vistas no ano passado, e com a seca.

Normalmente, a La Niña ocorre no meio do ano, mas, como já mencionado, a ocorrência desses fenômenos, assim como as suas intensidades, obedece a critérios próprios.

La Niña em 2022: o que vem por aí?

Sul do Brasil deve lidar com chuva abaixo da média no primeiro semestre de 2022. (Imagem: Shutterstock)Sul do Brasil deve lidar com chuva abaixo da média no primeiro semestre de 2022. (Fonte: Shutterstock)

De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), órgão dos Estados Unidos que monitora o clima, estamos lidando com os efeitos de uma nova edição da La Niña — e eles devem bagunçar o clima de 2022.

Em primeiro lugar, uma má notícia para o Sul do Brasil: a seca continuará. Os três estados dessa região, assim como os países vizinhos, estão lidando com uma estiagem há mais de dois anos.

Essa seca impactou a geração de energia elétrica, produção de alimentos e os reservatórios de água. Curitiba, por exemplo, lida com o racionamento de água há quase dois anos.

Ao mesmo tempo, os sulistas terão um novo inverno rigoroso. Neste ano, o frio fez nevar em diversas cidades da região. A primeira geada no Rio Grande do Sul deve acontecer já na segunda quinzena de maio, para o desespero dos produtores de milho.

Na Região Norte e no Nordeste, a previsão é para um 2022 com chuvas acima do normal. Um volume grande de chuvas, embora benéfico para os reservatórios, pode prejudicar a produção de algumas lavouras.

Ademais, como estamos acompanhando na Bahia, a chuva intensa pode causar destruição para muitas cidades.

Estado da Bahia está sofrendo com chuvas intensas. La Niña deve causar mais tempestades no Nordeste. (Imagem: Agência Brasil: Isac Nóbrega)Estado da Bahia está sofrendo com chuvas intensas. La Niña deve causar mais tempestades no Nordeste. (Fonte: Agência Brasil: Isac Nóbrega)

É importante frisar que esses cenários são previsões feitas pelos diversos escritórios que monitoram o clima no mundo todo. Elas podem ou não se cumprirem e serão constantemente atualizadas.

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