Artes/cultura
18/12/2021 às 11:00•3 min de leitura
Você já ouviu aquele ditado que fala sobre “nadar contra a correnteza”? Trata-se de um conselho sobre resiliência e força de vontade. Contudo, existem animais marinhos que simplesmente ignorariam essa dica: os plânctons.
Essas criaturas não têm forças para enfrentar essas correntes; assim, elas vão para onde a água as leva. Não se trata de "preguiça", mas é que os plânctons são minúsculos. Os menores têm um tamanho que varia de 0,2 µm a 0,7 µm — micrometro corresponde à milionésima parte do metro (m).
(Fonte: Shutterstock)
A palavra “plâncton” vem do grego “planktos” que significa vagar. O termo é adequado para se referir a esses seres pois, como vimos, eles ficam à mercê da força das águas.
Contudo, o termo “plâncton” se refere a uma extensa variedade de espécies animais, vegetais e até vírus. Existem 7 classificações de plânctons, que foram estabelecidas em 1978 por John McN. Sieburth.
Essa classe contempla os menores plânctons descobertos até hoje, que têm entre 0,02 - 0,2 µm (de 1 centésimo a 1 décimo de micrometro). Os femtoplânctons, no entanto, são um tipo de organismo ainda pouco estudado.
Os picoplânctons são um pouco maiores do que os anteriores, variando de 0,2 a 2 µm. Nessa classe, temos alguns conjuntos de bactérias chamadas de bacterioplâncton.
Os nanoplânctons variam de 2 a 20 µm. Nessa classificação, temos alguns tipos de fungos e protozoários. As 4 classificações restantes são:
Nessas categorias, encontramos diversas espécies de algas e metazoários, animais pluricelulares. Os plânctons também podem ser divididos em outros dois grupos: os fitoplânctons (que produzem o próprio alimento) e os zooplânctons (que se alimentam de outros seres).
Oceanos são grandes produtores de oxigênio. (Fonte: Shutterstock)
Os fitoplânctons, grupo formado por microalgas, são os maiores produtores de oxigênio do planeta. Ainda que muita gente acredite que o oxigênio só vem das florestas, isso não é verdade. O fato é que a maior parte do ar que respiramos vem dos oceanos — isso não significa que florestas não sejam importantes, uma vez que estão relacionadas a regimes de chuva, à diversidade de flora e fauna e à redução dos efeitos do aquecimento global, já que elas também absorvem, por meio da fotossíntese, gases relacionados ao efeito estufa.
Além de contribuírem para a vida no planeta gerando oxigênio, os fitoplânctons também são a base de uma complexa cadeia alimentar, servindo de comida para pequenos crustáceos e peixes que serão comidos por animais maiores — alguns desses peixes consumidos pelo homem.
Apesar de pequenos, os plânctons podem criar um belo espetáculo de luz. (Fonte: Shutterstock)
Alguns tipos de plânctons têm capacidade bioluminescente. Isso significa que eles conseguem produzir luz. Para produzi-la, esses animais recorrem às chamadas “reações exotérmicas”. Nelas, por meio da liberação de calor, a matéria se transforma por meio da reação de enzimas chamadas “luciferinas”, as quais produzem moléculas que ficam excitadas eletronicamente quando sofrem oxidação, emitindo luz fria quando entram em contato com matéria orgânica.
A bioluminescência não ocorre por acaso: essa característica é um mecanismo de defesa que serve para assustar alguns predadores, fazendo que o animal pareça maior do que é ou tóxico. Ela também pode ser usada para a comunicação entre membros da mesma espécie e para atrair presas menores.
A bioluminescência é comum em diversos animais marinhos, das mais variadas regiões, incluindo o Brasil, mas alguns fungos, plantas e insetos — como o vagalume — também têm essa característica que costuma encantar as pessoas.
Para observar o fenômeno de bioluminescência dos plânctons, é preciso que o mar e o ambiente estejam mais escuros, pois a luz artificial pode dificultar a visualização. De acordo com pesquisadores, no Brasil, a bioluminescência causada por plânctons é mais visível em algumas ilhas do Sul do país. Na Ilha do Mel, no litoral do Paraná, esse fenômeno costuma acontecer todos os anos durante os meses de agosto e setembro.