Estilo de vida
02/01/2022 às 08:00•2 min de leitura
Estudos realizados por geofísicos da Universidade Estadual da Pensilvânia, Estados Unidos, revelaram que camadas subterrâneas da lua guardam materiais capazes de esclarecer os segredos sobre a formação rochosa do satélite. De acordo com a pesquisa, a poeira cósmica conhecida como paleorególito estaria coberta por fluxos de lava de bilhões de anos, mantendo-se inalterada por um tempo muito maior que o estimado.
(Fonte: Shutterstock)
O projeto, liderado pelo professor assistente Tieyuan Zhu, teve como base o armazenamento de dados realizado em terreno lunar pela missão chinesa Chang'e 3 — lançada em 2013 com o objetivo de medir frequências de radares terrestres no solo do corpo celeste. As informações coletadas pela equipe registraram uma camada de paleorególito prensada entre duas camadas de rocha de lava de 2,3 a 3,6 bilhões de anos, com cerca de 5 a 9 metros de espessura, como resultado de uma intensa atividade vulcânica presenciada na região.
“Usando um processamento cuidadoso de dados, encontramos novas evidências interessantes de que essa camada enterrada, pode ser muito mais espessa do que o esperado”, disse Zhu. “Essas camadas não foram perturbadas desde sua formação e podem ser registros importantes para determinar o impacto de um asteroide precoce e a história vulcânica da lua."
(Fonte: NASA / Reprodução)
A pesquisa estimou que o material, hoje representado em formato de poeira, começou a se acumular na superfície cósmica em uma velocidade muito maior do que foi sugerido em estudos anteriores, como resultado de uma decomposição causada por impactos de asteroides e intemperismo espacial.
“Os cientistas lunares contam as crateras da lua e usam modelos de computador para determinar a taxa de produção do regolito”, diz Zhu. “Nossas descobertas fornecem uma restrição sobre o que aconteceu entre dois e três bilhões de anos atrás. Esta é a única contribuição deste trabalho. ”
Através de um fluxo de tecnologia de processamento de dados em quatro etapas otimizado para melhorar o sinal e suprimir ruídos nas frequências, o rover Yutu enviou pulsos eletromagnéticos para o subsolo lunar e ouviu quando eles ecoaram de volta. Isso permitiu que a equipe de pesquisadores conseguisse distinguir as diferentes camadas rochosas, o que só foi possível graças a particularidades existentes na polaridade, que tornavam-se mais evidentes à medida que a emissão trafegava entre os níveis geográficos.
“Nosso trabalho está realmente fornecendo a primeira evidência geofísica para ver essa permissividade eletromagnética alterada de um valor pequeno do paleorególito para um valor grande dos fluxos de lava”, esclareceu Zhu. “Descobrimos essa mudança de polaridade nos dados e criamos uma imagem geofísica detalhada da subsuperfície até algumas centenas de metros de profundidade. Eu diria que usamos técnicas tradicionais de processamento de dados, mas olhamos os dados com mais cuidado e projetamos seu fluxo de trabalho adequado para essas informações lunares porque este é um ambiente muito diferente do da Terra.”
Em comunicado, os cientistas informaram que o estudo pode fornecer detalhes ocultos sobre o passado da lua, além de interpretar dados fundamentais para missões espaciais não apenas em direção ao satélite, mas para diversos outros pontos do espaço sideral.