Estilo de vida
22/01/2022 às 07:00•2 min de leitura
Em um estudo desenvolvido pela Universidade Ben-Gurion no Neguev, em Israel, um grupo de pesquisadores treinaram seis peixes para dirigir um veículo robótico em terra. O objetivo foi testar a metodologia de transferência de domínio, na qual uma espécie inserida no ambiente de outra deve executar uma determinada tarefa à outra — no caso, dirigir um veículo.
(Fonte: Ben-Gurion University of the Negev)
De acordo com o estudo, marcado para publicação em fevereiro na revista científica Behavioural Brain Research, foram dez aulas de direção para cada peixe-dourado (Carassius auratus) ao todo. Ao final de cada uma delas, o peixe que conseguisse atingir a meta estabelecida pelos pesquisadores era recompensado com comida.
Para conduzir os peixes em terra, a equipe de pesquisadores desenvolveu um carro robótico que chamaram de FOV — iniciais em inglês para “veículo operado por peixe”. A máquina é equipada com a tecnologia de sensoriamento LiDAR, para fornecer a localização do veículo no solo e do “peixonauta” dentro de um aquário montado para esse fim. Para completar, computador, câmera, motores elétricos e rodas adaptadas dão ao peixe o controle do veículo.
Os peixes conduziram o meio de transporte pela ativação da transmissão do sinal de vídeo da câmera com a imagem do peixe dentro do tanque de água, onde são avaliadas a sua localização e orientação em relação ao "aquário". Se o peixe ficar perto da parede esquerda e virado para fora, o veículo vai se mover naquela direção. Se o animal ficar voltado para dentro, o carro ficará parado, e assim sucessivamente.
O veículo FOV é dirigido por meio do sinal de vídeo da câmera. (Fonte: Ben-Gurion University of the Negev)
A principal autora do estudo, Shachar Givon, afirmou à Reuters que "surpreendentemente, os peixes não levam muito tempo para aprender a dirigir o veículo. Eles ficam confusos no início, pois não sabem o que está acontecendo, mas são muito rápidos em perceber que existe uma correlação entre seu movimento e o da máquina em que estão".
A tarefa transmitida aos peixes era a de dirigir o FOV em direção a um alvo visual em terra que podia ser visto através das paredes do tanque de vidro. E, de fato, eles conseguiram não só operar o veículo como explorar o novo ambiente e alcançar o alvo. O que mais impressionou foi que eles fizeram isso independentemente do ponto de partida, evitando becos sem saída e até mesmo corrigindo imprecisões da rota. Uma constatação curiosa do estudo foi que, assim como entre os humanos, existem também peixes “barbeiros”.
O resultado do experimento demonstrou a capacidade do peixe em transferir sua representação espacial e habilidade de navegação para um ambiente terrestre inteiramente diferente. Com isso, comprovou-se a hipótese do trabalho: o animal aquático tem uma qualidade universal independente da espécie. Veja o vídeo.
Hey @TheEllenShow, we wanted to say that BGU can help Dory. Our interdisciplinary researchers' team (@OhadBenShahar, @ronen_segev) discovered that a goldfish's navigational ability supersedes its watery environs, even if they were interrupted in the middle. See it in the video. pic.twitter.com/knEPrEWeov
— Ben-Gurion University of the Negev (@bengurionu) January 5, 2022