Privada de 2,7 mil anos indica que o povo de Jerusalém sofria com infecções

25/01/2022 às 13:002 min de leitura

Paleontólogos da Universidade de Tel Aviv, na costa mediterrânica de Israel, revelaram evidências de que inúmeros tipos de parasitas infectaram o povo de Jerusalém há mais de 2,7 mil anos.

Segundo a pesquisa, as altas taxas de contaminação deixaram sequelas destrutivas e obrigavam infectados a sofrerem com os efeitos colaterais até o fim de suas vidas, gerando transmissões desenfreadas devido às más condições sanitárias.

Por meio de técnicas de extração química e microscópio de luz, as análises realizadas em um assento sanitário de cimento, localizado em Armon Hanatziv Promenade, confirmaram a presença de ovos de lombrigas, tênias, tricurídeos e oxiúros em sedimentos.

O local também chamou a atenção dos especialistas por estar situado em uma região luxuosa com vista panorâmica da Cidade de Davi e do Monte do Templo, sugerindo que mesmo as classes mais ricas estavam sujeitas à contaminação devido à ausência de uma medicina eficiente no tratamento de efeitos colaterais derivados.

“Os vermes intestinais são parasitas que causam sintomas como dor abdominal, náusea, diarreia e coceira”, explicou Dafna Langgut, líder da pesquisa. "Alguns deles são especialmente perigosos para as crianças e podem levar à desnutrição, atrasos no desenvolvimento, danos ao sistema nervoso e, em casos extremos, até a morte", ela disse.

O banheiro já havia sido descoberto em 2021, durante expedições ao sítio arqueológico de Armon Hanatziv. Na época, foram identificados, segundo Langgut, “magníficos artefatos de pedra de extraordinário acabamento”, um “jardim espetacular” com “árvores frutíferas e ornamentais” e “instalação quadrada de calcário com um buraco no centro”, indicando que o proprietário da residência era alguém com alto poder aquisitivo.

Hábitos antigos que se repetem

A deficiência no sistema de infraestrutura em Jerusalém também pode ter causado uma espécie de pandemia, impulsionada pela contaminação fecal de alimentos e água, falta de lavagem generalizada das mãos, uso de fezes humanas para fertilizar as plantações e consumo de carne malcozida. De acordo com Langgut, essas seriam as primeiras evidências de uma crise no sistema de saúde na antiga Israel.

(Fonte: Israel Antiquity Authority / Reprodução)(Fonte: Israel Antiquity Authority / Reprodução)

“As instalações sanitárias eram extremamente raras naquela época e eram um símbolo de status – uma instalação de luxo que apenas os ricos e de alto escalão podiam pagar”, disse a especialista em um comunicado. “Estudos como esse nos ajudam a documentar a história de doenças infecciosas em nossa área e nos fornecem uma janela para a vida das pessoas nos tempos antigos”, ela explicou.

A descoberta em Jerusalém, além de revelar insights sobre a vida na região há quase 3 mil anos, traça um importante paralelo com os dias atuais, visto que a prevenção no combate às infecções apresentadas ocorre segundo os mesmos métodos de higiene. Dessa forma, entender como as sociedades antigas conseguiram contornar as crises sanitárias é um grande passo para ter acesso a registros sobre possíveis ervas medicinais e outros tipos de tratamento.

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