Artes/cultura
16/02/2022 às 13:00•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido falar da Muralha da China, certo? Ela foi construída há séculos para proteger os chineses dos seus inimigos e hoje é uma das sete maravilhas do mundo. Contudo, uma nova muralha está surgindo (bem diferente, claro, e no continente africano) — e ela promete ser tão famosa quanto a asiática.
Estamos falando de um projeto que pretende construir uma “muralha de árvores” no norte da África. Com mais de 8 mil quilômetros, a incrível “Muralha Verde” atravessará o continente do leste ao oeste, partindo da costa do Senegal e indo até a Etiópia.
Por isso, esse projeto precisou do apoio de líderes de 11 países, além de capital de bancos internacionais e agências de fomento.
(Fonte: Shutterstock/Reprodução)
O norte da África é ocupado pelo deserto mais famoso do mundo: o Saara. Contudo, devido às mudanças climáticas, ele está avançando para o sul do continente. Isso gera uma série de problemas socioeconômicos, como o aumento da pobreza na região, o êxodo rural da população e a impossibilidade de agricultura em regiões que antes eram férteis.
No curto prazo, o projeto gera milhares de empregos e ajuda a reduzir a miséria em uma das regiões mais pobres do planeta. A médio e longo prazo, ele contribui para o desenvolvimento econômico e social das nações beneficiadas, gerando aproximadamente 10 milhões de empregos.
Além disso, trata-se de um reforço na captura de carbono da atmosfera. Cerca de 250 milhões de toneladas devem ser capturadas.
(Fonte: Reprodução/DW)
Apesar de ser uma bela iniciativa, a Muralha Verde tem encontrado dificuldades para ser concretizada. O primeiro impasse é o financiamento. A previsão é que todo projeto custe US$ 25 bilhões. Os principais financiadores são o Banco Mundial e a União Africana, entidade que reúne países do continente.
No entanto, a instabilidade política em algumas nações tem impedido o acesso aos recursos e, consequentemente, o plantio de árvores. Até o ano de 2020, cerca de 15% das metas relacionadas ao projeto haviam avançado — o início dessa empreitada foi em 2007.
Um dos desafios foi a falta de pessoas em algumas regiões. Sem cuidado adequado, muitas plantações não foram adiante. A solução encontrada foi incentivar que as pessoas cuidassem das árvores que já existiam nos vilarejos em que viviam. Isso garantiu o abastecimento de água nessas regiões.
A Etiópia conseguiu restaurar cerca de 15 milhões de hectares de solo desertificado. Outros países também têm apresentado resultados satisfatórios. A Nigéria já conseguiu restaurar 5 milhões de hectares de deserto. Já o Senegal conseguiu restaurar 25 mil hectares até o ano de 2020.
Infelizmente, guerras e o terrorismo têm impedido o progresso em muitos países, já que não permitem que os recursos cheguem às organizações locais. Ainda assim, a Muralha Verde Africana caminha para ser a maior estrutura viva de todo o planeta, inspirando iniciativas semelhantes pelo mundo.