Estilo de vida
04/04/2022 às 06:33•3 min de leitura
Existe um longo debate científico de quando exatamente o homem começou a alterar a Terra, porém nenhuma das teorias conseguiu chegar a um consenso, então ficou determinado que houve vários começos, seja na era do Antropoceno ou no início do século XX — que definitivamente teve um papel fundamental na degradação.
Devido a algumas atividades diretas ou indiretas que resultaram no abalo do meio ambiente em escala global, como crescimento populacional, desmatamento, emissão de poluentes, contaminação, exploração excessiva e consumo excessivo — estima-se que pelo menos 70% do planeta já foi alterado, principalmente no que diz respeito à terra, tanto para cultivar plantas quanto manter animais.
Essa violação em excesso fez que a maioria dos fenômenos considerados naturais, como terremotos e furacões, sejam atualmente entendidos como reflexos dos desvios criados pelo homem, configurando um caso de alteração indireta. Nada mais na Terra é consequência natural.
Contudo, a necessidade de colonizar e expandir, intrínseca ao DNA da civilização humana, impede que ela tenha controle sobre sua própria natureza, portanto continua criando mais caos indireto que contribui diretamente na destruição da Terra.
Aqui estão três desastres causados pelo homem:
(Fonte: Pensylvania Environmental Council/Reprodução)
A vizinhança próxima às Cataratas do Niágara, em Nova York (Estados Unidos), começou a sofrer alterações ainda em 1890, muito antes do desastre pelo qual ficaria conhecida. A região de 6 hectares foi planejada para ser transformada em um canal hidrelétrico conectando os rios Niágara superior e inferior.
O problema começou assim que o dinheiro parou de ser investido no empreendimento, deixando um canal parcialmente escavado ao ar livre. O governo da cidade então se apropriou da vala e fez dela um aterro sanitário.
No final da década de 1940, a Hooker Chemical Company comprou a área e enterrou 21 mil toneladas de barris recheados com materiais cáusticos, alcalinos, ácidos graxos e hidrocarbonetos clorados da fabricação de corantes, perfumes, solventes para borracha e resinas sintéticas no canal a uma profundidade de 7 metros, até 1952. A imensa quantidade de argila usada não impediu que esses resíduos vazassem.
(Fonte: Damn Interesting/Reprodução)
Com o aumento populacional da cidade Niagara Falls, a Hooker Chemical vendeu o terreno para o Distrito Escolar da Cidade de Niagara Falls, que precisava dele para construir novas escolas. Segundo o censo de 1950, a população cresceu 31%, cerca de 100 mil pessoas.
O resultado veio apenas em 1978, quando uma série de invernos úmidos fez que os tambores com químicos vazassem no solo, subindo à superfície e causando uma explosão.
A vegetação morreu em massa, crianças sofreram queimaduras químicas, casas foram infectadas e muitas pessoas desenvolveram doenças graves, como epilepsia, defeitos congênitos e cânceres.
(Fonte: Door County Pulse/Reprodução)
Em 8 de outubro de 1871, enquanto Chicago estava em chamas, a cidade de Peshtigo, no Wisconsin (Estados Unidos), era vítima de um incêndio ainda maior e mortal. O verão daquele ano foi o mais seco desde então para a região de Green Bay, porém isso não impediu que as obras para a expansão das linhas férreas fossem interrompidas ou supervisionadas para impedir que eventos como aquele acontecessem.
Os trabalhadores usavam o fogo de maneira desenfreada para limpar o mato, e foi quando o controle das chamas escapou que levou apenas 2 horas para floresta se transformar em um inferno indomável.
(Fonte: UpNorthNews/Reprodução)
As chamas devastaram grande parte da metade sul da Península de Door e partes da Península Superior do Michigan. O incêndio em Peshtigo transformou em cinzas cerca de 1,2 milhão de acres, mais de 64 quilômetros de área verde, configurando o incêndio florestal mais mortal registrado na História, com 1,5 mil a 2,5 mil mortes.
Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia, o calor foi tão grande que muitas vítimas em fuga entraram em combustão espontânea, tendo o mesmo fim que os moradores de Pompeia durante a erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C. Muitos só conseguiram sobreviver porque se abrigaram em pântanos ou rios.
(Fonte: National Geographic Portugal/Reprodução)
O Mar de Aral já foi considerado um verdadeiro oásis, formado pelos rios Syr Darya e Amy Darya, localizado na Ásia Central, entre as províncias de Aqtöbe e Qyzylorda, e a região autônoma usbeque de Caracalpaquistão. O quarto maior lago do mundo, o berço dos impérios antigos, começou a perder esse posto em 1959, quando era controlado pela União Soviética.
Assim que assumiram o controle, os soviéticos instalaram um projeto massivo de cultivo de algodão, desviando as águas dos rios Syr Darya e Amy Darya. Em 21 anos, a Ásia Central Soviética estava produzindo 9 milhões de toneladas de algodão, em um empreendimento considerado o ápice do sucesso.
Contudo, essa quantidade toda de água sendo sistematicamente retirada dos rios causou o colapso do Mar de Aral, que se tornou salino e tóxico, depois secou e se transformou em um deserto. Por anos o leito do lago ficou exposto com suas quantidades imensas de metais pesados e pesticidas acumulados, uma fonte venenosa durante as tempestades de poeira.
A Organização das Nações Unidas (ONU) chamou o caso de "o desastre mais impressionante do século XX".