Estilo de vida
11/05/2022 às 12:35•2 min de leitura
Um estudo publicado na Nature Communications por pesquisadores da Universidade de Hokkaido, no Japão, mostra que elementos químicos necessários para a formação do Ácido Desoxirribonucleico (DNA) podem ter chegado ao planeta Terra por meio de meteoritos carbonáceos, que possuem alto teor de carbono, um elemento primário no Sistema Solar.
A teoria de que a vida chegou à Terra através de um meteorito é conhecida como panspermia e há décadas vem sendo considerada por astrônomos. Embora essa ideia já tenha sido vista como improvável, o assunto voltou aos holofotes com o novo estudo publicado pelos japoneses.
De acordo com a Popular Science, um dos meteoritos analisados pelos pesquisadores de Hokkaido tem 4,6 bilhões de anos, sendo portanto mais antigo que o próprio Sistema Solar.
Instituição de pesquisa da Universidade de Hakkaido (Fonte: Universidade de Hakkaido/Divulgação)
O estudo teve como base três amostras de meteoritos ricos em carbono, que caíram no planeta em diferentes épocas e localizações. A equipe estudou o meteorito Murray que foi descoberto nos Estados Unidos em 1950; o Murchison que teve sua queda avistada pela população, na Austrália em 1969 e o meteorito Tagish Lake que foi encontrado no Canada no ano de 2000. A equipe levou cerca de um ano para completar a análise.
O líder do estudo e professor associado da Universidade de Hokkaido, Yasuhiro Oba, explica que a detecção de bases nitrogenadas de DNA e RNA nesses meteoritos indica que essas moléculas chegaram nos primórdios da Terra, antes mesmo da vida como é conhecida. “Em outras palavras, nós temos dados de um inventário de moléculas orgânicas relacionadas ao DNA e RNA antes de qualquer vida surgir na Terra”, disse Oba.
Moléculas relacionadas ao DNA e RNA já haviam sido registradas por estudos realizados anteriormente. Contudo, dentre as cinco principais bases nitrogenadas apenas três delas tinham sido descobertas em estudos anteriores. A pesquisa liderada por Oba foi o responsável por detectar pela primeira vez a citosina e a timina em meteoritos.
O químico e professor associado da Universidade de Boise nos Estados Unidos, Michael Callahan, falou à Science News que embora acredite que a equipe de Hokkaido tenha encontrado as bases nitrogenadas, “eles não apresentaram dados conclusivos o bastante”, para convencê-lo que as moléculas são “realmente extraterrestres”, disse Callahan
Como informa a Popular Science, evidências como as do estudo japonês provam que meteoritos podem carregar moléculas que integram a informação genética no planeta Terra. Contudo, a hipótese de que as pedras espaciais entregaram esses materiais na Terra e isso deu origem a vida, ainda não é uma certeza.
O líder do recente estudo acredita que os cientistas precisam “analisar amostras mais amplas e variadas de meteoritos e asteroides” para entender melhor as moléculas de DNA e RNA presentes em ambientes extraterrestres. Ele afirma também que as amostras resultantes de missões da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa) em conjunto com a NASA nos asteroides Ryugu (Tipo-C) e Bennu (Tipo-B) podem fornecer um melhor entendimento sobre a evolução de moléculas extraterrestres orgânicas e sua possível relação com a origem da vida na Terra.