Artes/cultura
25/07/2022 às 04:00•2 min de leitura
Em seu trabalho intitulado "Computing Machinery and Intelligence", o matemático e cientista da computação Alan Turing desenvolveu um questionamento: seriam as máquinas capazes de desenvolver pensamentos? Embora essa seja uma pergunta curta e de ampla repercussão entre os seres humanos, ela continua sendo uma ampla frente de discussão no segmento tecnológico.
Afinal, as tecnologias se desenvolveram rapidamente com o passar das décadas e o surgimento das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) se tornaram uma realidade. Logo, nunca antes tecnologia, filosofia, neurociência e teologia estiveram tão próximas em um único meio. Portanto, para sanar sua própria dúvida, Turing propôs uma maneira indireta de descobrir se uma máquina pensa: o Teste de Turing. Entenda!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na visão de Turing, a única forma de responder essa pergunta sem qualquer tipo de ambiguidade seria a reformulando. Logo, seria preciso encontrar termos mais específicos para "pensar" e "máquinas". Em sua primeira tese, o matemático propôs que a pergunta fosse alterada para "uma máquina pode fazer o que nós, seres pensantes, podemos fazer?".
Em outras palavras: "é possível que uma máquina imite um ser humano?". O Jogo da Imitação, como foi chamado, seria a base de todo um pensamento. Nesse cenário, é preciso imaginar que teríamos um homem (A), uma mulher (B) e um interrogador neutro (C), todos trancados em salas separadas e com comunicação limitada por mensagens computadorizadas — sem que A interaja com B.
O objetivo do jogo é que C consiga descobrir quem é o homem e quem é a mulher através de uma pequena troca de palavras. Porém, o que isso tem a ver com a Inteligência Artificial. De acordo com o Teste de Turing, se substituíssemos A ou B por uma máquina inteligente, ela seria capaz de ludibriar o interrogador sem que ele conseguisse encontrar resquícios de comunicação robotizada. Com isso, essa tecnologia seria aprovada no teste.
(Fonte: Unsplash)
Embora alguns possam argumentar que a teoria traçada por Turing seja falha e que passar no teste não significa que uma máquina realmente seja capaz de pensar como um humano, o assunto abordado em seu documento serviu como base para impulsionar uma das bases da IA: o Machine Learning.
O objetivo desse segmento é criar um programa de computador que replique a mente de uma criança, mas com uma capacidade de aprender mil vezes aprimorada. Por meio de erros e acertos, essa máquina seria educada continuamente até alcançar as características do cérebro adulto.
De acordo com os críticos de Turing, o Jogo da Imitação avalia apenas as capacidades de comunicação textual de uma IA — ignorando outros fatores da inteligência humana. Muitos aplicativos modernos já estão capacitados a trabalhar com destreza em várias tarefas específicas executadas pelos seres humanos, mas isso significa que elas já atingiram um nível de inteligência semelhante ao nosso?
Por mais que ainda existam brechas nessa teoria, o Teste de Turing entrou para a história como um dos pilares da construção da tecnologia moderna e, curiosamente, nenhuma máquina ainda foi capaz de passá-lo.