Ciência
08/08/2022 às 11:00•2 min de leitura
Descobertas científicas feitas nas últimas décadas apontam que os animais surgiram no decorrer de uma espécie de surto evolutivo de criatividade ocorrido há cerca de 540 milhões de anos, durante o período Cambriano.
Os precursores dos que conhecemos hoje estavam todos naquele bestiário maluco repleto de criaturas que mais pareciam projetos científicos que deram errado. Imagine a natureza tentando misturar uma lagosta com um papagaio, uma aranha e um escorpião!
A opabinia é um claro exemplo do quão estranho foram os primórdios da vida no planeta Terra. Seu corpo segmentado a coloca no grupo dos artrópodes. Esse filo de animais invertebrados é caracterizado por contarem com vários apêndices articulados e um exoesqueleto.
Representação gráfica de uma opabinia. (Fonte: Gettyimages)
Os artrópodes são representados por animais como os piolhos-de-cobra, centopeias, caranguejos e aranhas. Mas a opabinia possuía características físicas que a tornava diferente de qualquer artrópode que conhecemos hoje.
Para começar, a opabinia contava uma cauda dupla no formato de V. Alguns cientistas acreditam que cada um desses segmentos ainda contava com dois pares de pernas. O par inferior ajudaria o animal a andar, enquanto o superior seria responsável por auxiliar na respiração pelas brânquias.
Representação gráfica de uma opabinia. (Fonte: Gettyimages)
Possivelmente, a parte mais estranha da opabinia era sua cabeça: o bicho tinha cinco olhos e uma tromba relativamente longa, como se fosse uma mangueira de aspirador de pó com uma estrutura parecida a uma garra na ponta.
Ainda não sabermos bem como a opabinia se alimentava. A boca do animal era situada sob sua cabeça logo atrás do apêndice em forma de tromba, e estava voltada para trás.
A criatura poderia ser carnívora, sobrevivendo recolhendo fragmentos de comida com sua tromba, que passava depois para a boca.
A Opabinia era um animal assexuado, isso quer dizer que para reproduzir não precisava de um parceiro. Alguns pesquisadores sugerem que essa reprodução acontecia por fragmentação. Ou seja, o animal se desfazia em pedaços menores e, a partir de cada pedaço, um novo ser cresceria.
Por outro lado, há cientistas que acreditam que a reprodução era por brotamento, que é quando o novo indivíduo pequeno e não desenvolvido cresce no corpo do pai.
Tal como aconteceu com centenas de milhares de estranhas criaturas do período Cambriano, a opabinia desapareceu durante a maior extinção em massa da história do planeta Terra. Tal evento ocorreu há 252 milhões de anos, época em que mais de 90% de todas as espécies foram extintas.
A opabinia no fundo do mar. (Fonte: Gettyimages)
Ainda existem discussões sobre o que provocou essa extinção em massa. No entanto, acredita-se que a combinação de atividades vulcânicas com mudanças ambientais tenha levado ao evento.
Atualmente, o melhor local para encontrar e pesquisar sobre a opabinia é nos Xistos de Burgess, situado na Colúmbia Britânica, Canadá. A região é um depósito fóssil mundialmente famoso por guardar em abundância algumas das mais maravilhosas e bizarras criaturas do período Cambriano.