Artes/cultura
15/08/2022 às 10:23•2 min de leitura
É difícil encontrar na história outra civilização a quem o bronze tenha sido tão relevante quanto a China. Não à toa, há um período da história do país conhecido como Idade do Bronze (iniciada em 2100 a.C.), referente à dinastia Shang. Nesta fase, a indústria de fundição de bronze foi responsável por criar vasilhas das mais diversas formas, mas também armas bélicas.
Pois, a produção abundante deste recorte da história chinesa intrigou a comunidade científica por séculos, até que, recentemente, um grupo de pesquisadores ingleses publicou um estudo na revista Antiquity em que dizem terem identificado a receita que permitia à China produzir bronze em larga escala.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Idade do Bronze constituiu um fenômeno muito peculiar da civilização chinesa antiga. Foram diferentes materiais criados, de vasilhas a máscaras de animais; os artesãos não tinham limites, utilizando moldes de argila para criar os mais diferentes utensílios em bronze. A maior parte do que foi produzido neste tempo foram vasilhas para vinho e alimentos.
No período da dinastia Shang, a sociedade acredita que o vinho era um mecanismo para transmitir a Deus os desejos das pessoas, além de forma criativa para trazer alegria e felicidade à vida. Claro que não parou por aí: as técnicas eram incríveis, e iniciou-se a produção de peças que buscavam inspiração no sobrenatural e nas forças selvagens.
Nem todas as formas possuem explicação, já que muito tempo se passou e não há registros. No entanto, o estilo único das peças de bronze são, sem dúvida, representações do poder da Natureza, acreditado pela sociedade da época.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A profusão da produção chinesa sempre chamou a atenção da comunidade científica. Um texto antigo, conhecido como Kaogong ju, foi identificado, e lá uma receita foi encontrada e decodificada, indicando como o império fabricava bronze em larga escala.
Partes do documento são datados em mais de 2500 anos, e incluem seis fórmulas químicas para produção do bronze utilizado não somente nas vasilhas e peças de animais, mas em espadas, sinos, machados, facas e muito mais. Ingredientes que se imaginava serem cobre e estranho, componentes imprescindíveis ao bronze, nunca entregaram o resultado esperado.
Logo, a equipe de cientistas fez o caminho reverso: testou a composição química de moedas e facas do período. Foram identificadas ligas metálicas específicas, combinações de ao menos dois elementos distintos. Ou seja, a metalurgia existente há mais de 2500 anos na China Antiga já era extremamente complexa.
(Fonte: Wikimedia Commons)
As novas investigações identificaram que as moedas e facas eram resultado da combinação de duas ligas metálicas pré-misturadas. Uma delas seria composta de cobre, estanho e chumbo, a outra apenas com cobre e chumbo. Ou seja, o jin e xi não eram ingredientes individuais, mas sim as ligas metálicas.
As análises químicas foram fundamentais para que a interpretação das receitas finalmente fizesse sentido. É uma descoberta importante, que pode ajudar pesquisadores a decifrar textos sobre metalurgia em outras culturas.