Ciência
19/08/2022 às 08:00•2 min de leitura
A história da astronomia conta com a passagem de vários estudiosos que se debruçaram para entender mais sobre o universo em que vivemos. Apesar de termos alguns nomes importantes, como o de Copérnico, que descobriu que a Terra girava em torno do sol, ou mesmo de Newton, responsável por elaborar a Teoria da Gravitação Universal, também é necessário destacar o trabalho de outros nomes que merecem um maior reconhecimento.
Como exemplo disso, temos uma mulher e tanto! Estamos falando de Cecilia Payne-Gaposchkin, a primeira astrônoma a descobrir a composição das estrelas, nascida na Inglaterra em 1900. Sua história não mostra apenas suas conquistas, mas também os desafios aos quais ela foi submetida ao longo da sua trajetória.
Aos 18 anos, em busca de uma oportunidade, ela conseguiu uma bolsa para estudar física, química e botânica na Universidade de Cambridge. Ali ela se encantou com a astronomia e decidiu se debruçar em estudos sobre o Universo. Mas logo surgiu a percepção de que, enquanto mulher, teria mais oportunidades de crescimento fora de seu país. Em 1923, ela se mudou para os Estados Unidos.
(Fonte: Wikimedia)
Foi lá que Payne estudou astronomia, em Harvard, e também conheceu outras mulheres com os mesmos interesses, começando a lecionar. No campo da ciência, seu trabalho versava sobre a anatomia das estrelas e revelava a descoberta de que o hidrogênio e o hélio eram os seus principais componentes. Mas apesar de ser reconhecida por esse feito, ela foi bastante contestada.
A ideia de que uma estrela gigante e massiva como o Sol tinha a mesma composição química da Terra, com a presença de elementos como carbono e ferro, era fortemente aceita naquele período. Isso fez com que a astrônoma recuasse em sua tese, assumindo que suas descobertas poderiam ser fruto de um erro.
Mais adiante, Henry Norris Russell, que tinha sido seu orientador no doutorado, acabou chegando ao mesmo resultado que Cecilia. Apesar dele ter se oposto à teoria dela a princípio, acabou levando o crédito por realizar a descoberta sobre as estrelas.
Payne descobriu que o hidrogênio é o elemento mais abundante no universo. (Fonte: Unsplash)
Tímida e obstinada, Payne viveu num período em que as mulheres tinham um espaço muito inferior dentro da sociedade. Um exemplo disso é que toda sua dedicação, entusiasmo e horas de estudo nem sequer a ajudaram a obter o diploma em Cambridge, já que mulheres não podiam recebê-lo. Isso só mudou anos depois, em 1948.
As dificuldades não se fizeram presentes apenas no meio acadêmico, mas também no profissional, onde a astrônoma e professora chegou a se abster de ocupar posições de maior destaque e acabou recebendo um salário inferior ao que merecia. Foi apenas aos 56 anos que se tornou a primeira mulher promovida como professora integral. Payne também ocupou o posto de chefe do departamento de astronomia de Harvard.
A vida ativa na ciência rendeu vasto material e seu trabalho ajudou no desenvolvimento da teoria da evolução estelar. Payne se casou com Sergei Gaposchkin, um astrônomo russo que conheceu em uma viagem. Um fato curioso é que foi ela a pessoa que ajudou Sergei a fugir da Europa antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Juntos, também foram colegas de trabalho em pesquisas e tiveram três filhos.
Além das descobertas científicas, Payne também escreveu uma autobiografia: The Dyer's Hand, publicada de forma privada no ano de sua morte, em 1979. Cinco anos depois, em 1984, uma nova publicação saiu, tendo o próprio nome da astrônoma Cecilia Payne-Gaposchkin como título da obra.