Ciência
28/08/2022 às 05:00•2 min de leitura
A noção de que o nosso universo se expandiu – e continua a se expandir – após o Big Bang é a proposta mais aceita pela física atual e a que mais estamos habituados a ouvir falar. Contudo, pesquisadores canadenses acreditam que isso pode ser apenas uma parte da história, pois seus cálculos sugerem que o evento que deu origem ao nosso universo gerou uma cópia inversa deste universo, como um espelho.
Nesse lugar, os prédios estariam de cabeça para baixo, os líquidos cairiam para cima, existiria uma cópia minha, outra sua (ou talvez nós sejamos a cópia, vai saber!). De acordo com os cientistas, em um desses universos (no caso, o nosso) predominaria a matéria, no outro a predominância é da antimatéria. Nesse universo paralelo, tudo seria ao contrário do que é no nosso, inclusive o tempo. Essa ideia surge do conceito de simetria e do conjunto de simetria CPT.
No outro universo, tudo teria uma cópia exatamente inversa. (Fonte: Shutterstock)
A simetria é um conceito da física indicando que um sistema que sofra uma transformação não terá variação continuando da mesma forma como era antes.
De acordo com o Modelo Padrão da Física de Partículas, o conjunto de simetria CPT (carga, paridade e tempo) é uma propriedade fundamental das leis da natureza do Universo. Na simetria C (conjugação de carga), a partícula vira uma antipartícula; na simetria P (paridade), as direções ficam inversas; já na simetria T (reversão do tempo), não há diferença entre processos que andam para frente ou para trás no tempo.
Aplicando essa lógica ao universo, teríamos um universo espelhado ao nosso, constituindo um par universo/antiuniverso, respeitando assim a simetria CPT. Nesse universo espelho, as cargas que aqui são positivas, lá seriam negativas.
Já a estátua do Cristo Redentor, estaria de ponta-cabeça, com se estivéssemos olhando uma imagem espelhada. O tempo, estaria retrocedendo, de modo que ele teria existido antes do Big Bang, o que impossibilitaria qualquer viagem nossa para lá. No final, não saberíamos se nós somos o universo “original” ou a cópia, pois seríamos resultado da mesma simetria.
Seria essa a solução para o enigma da matéria escura? (Fonte: Shutterstock)
Para além dessa possibilidade, a teoria pode trazer a solução para algo que atormenta os cosmólogos há anos: a matéria escura.
Ao levar em consideração a simetria, deve-se a admitir que há equivalência de partículas e antipartículas, ou seja, se existe uma partícula existe sua antipartícula. É nesse momento que entram em cena os neutrinos. Os neutrinos conhecidos até hoje só giram para a esquerda. Porém, para que a simetria seja respeitada, é preciso que haja os neutrinos que girem para a direita. Esses neutrinos destros, de acordo com os teóricos, seriam as antipartículas invisíveis que formam a matéria escura, interagindo com o Universo pela gravidade.