Estilo de vida
20/09/2022 às 12:17•2 min de leitura
Paleontólogos australianos anunciaram ter encontrado o coração mais antigo que se tem registro, supostamente datado de 380 milhões de anos atrás. Porém, o que mais impressiona é o seu estado de conservação: o fóssil está preservado em três dimensões e ainda foi achado juntamente com outros órgãos de tecidos moles, como fígado, estômago e intestino.
O órgão teria pertencido a um peixe placodermo, uma classe já extinta. O animal seria caracterizado por mandíbulas bem proeminentes e placas dérmicas articuladas que recobrem todo o corpo. A descoberta foi publicada na revista Science, e é considerado o único coração tridimensionalmente mineralizado.
Esse coração em três dimensões ajuda a entender o processo evolutivo.
Na paleontologia, ramo da ciência que estudo a vida do passado, a descoberta de tecidos moles (como pele, músculo e outros órgãos internos) é rara quando comparada à de tecidos duros (como ossos, dentes e conchas). Isso acontece porque a composição dos tecidos moles faz com que eles se decomponham antes da fossilização. Ainda mais raro é a descoberta de estruturas preservadas em três dimensões.
“Como paleontóloga que estuda os fósseis há mais de 20 anos, eu fiquei realmente surpresa ao encontrar um coração em três dimensões e perfeitamente preservado de um ancestral de 380 milhões de anos”, diz Kate Trinajstic, professora da Curtin University e uma das responsáveis pelo estudo.
De acordo com a cientista, essa descoberta pode ajudar a entender melhor como funcionou o processo evolutivo, indicando que ele não aconteceu como muitos acreditam. “A evolução muitas vezes é pensada como uma série de pequenos passos, mas esses fósseis mais antigos sugerem que houve um salto maior entre os vertebrados sem mandíbula e os com mandíbula. Esses peixes literalmente têm o coração na boca e sob as guelras – assim como os tubarões de hoje”.
Modelo 3D do coração descoberto e bem preservado.
Os pesquisadores encontraram esse fóssil na chamada formação Gogo, na região de Kimberley, no oeste da Austrália. Trata-se de um recife que foi capaz de preservar de forma incrível a fauna e flora do final do período Devoniano (que está compreendido entre há 416 milhões e 359 milhões de anos, aproximadamente).
Com base nesse achado, os paleontólogos conseguiram criar um modelo em 3D do peixe, incluindo a mandíbula e o coração composto de duas câmaras. A professora Trinajstic disse que a descoberta abre uma janela única de possibilidades para entender ainda mais o funcionamento do órgão e como ele evoluiu ao longo do tempo.
E garante que mais descobertas podem ser feitas a partir da análise de outras partes dos tecidos moles que foram descobertos.