Estilo de vida
08/10/2022 às 06:00•2 min de leitura
Um novo estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, indica que o impacto da cratera Vredefort foi muito maior do que se pensava. Estimativas apontam que o asteroide responsável pela rachadura em Joanesburgo, na África do Sul, teve consequências devastadoras e era significativamente maior do que o objeto espacial atribuído à extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos.
O projeto, publicado no Journal of Geophysical Research, fornece uma compreensão mais precisa do impacto e colabora com estudos capazes de simular eventos de choque tanto na Terra quanto em outros planetas. Liderada por Natalie Allen, doutoranda na Universidade Johns Hopkins, a pesquisa confirma que os números anteriormente estimados para a dimensão do asteroide — 15 quilômetros de diâmetro, 15 km/s de velocidade e uma colisão com cerca de 172 quilômetros de diâmetro de abertura — não são verdadeiros.
(Fonte: Getty Images)
Atualmente, após quase dois bilhões de anos, a cratera Vredefort sofreu com erosões e propõe uma extensão ampliada tanto por meio da queda do objeto espacial quanto por fatores naturais de desgaste. Apesar disso, evidências geológicas e medições mostram que o diâmetro original da estrutura era, na verdade, de 250 e 280 quilômetros. Esse fenômeno foi ocasionado por uma rocha astronômica de até 25 quilômetros de diâmetro que estava a 20 km/s de velocidade — especificações maiores que a do asteroide que matou os dinossauros.
“Ao contrário do impacto de Chicxulub, o impacto de Vredefort não deixou registro de extinção em massa ou incêndios florestais, uma vez que havia apenas formas de vida unicelulares e nenhuma árvore existia há dois bilhões de anos”, disse Miki Nakajima, professora assistente e colaboradora do projeto, à Futurity. “No entanto, o impacto teria afetado o clima global potencialmente mais do que o impacto de Chicxulub.”
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Mesmo sem ter eliminado resquícios de vida, o asteroide de Vredefort pode ter causado sérios danos ao planeta. Os especialistas apontam que o impacto energético da queda prejudicou o equilíbrio natural, aquecendo estufas, gerando incêndios florestais em larga escala, chuvas ácidas, destruindo a camada de ozônio e impulsionando o evento de extinção dos dinossauros (Cretáceo-Paleogeno). Essa teoria é reforçada pelo espalhamento de poeira e aerossóis pós-colisão — materiais que teriam bloqueado a luz solar e resfriado os continentes.
“Isso poderia ter um efeito devastador sobre os organismos fotossintéticos. Depois que a poeira e os aerossóis se assentaram — o que poderia levar de horas a uma década — gases de efeito estufa emitidos pelo impacto, como o dióxido de carbono, teriam aumentado a temperatura global potencialmente em vários graus por um longo período”, esclarece Nakajima.
(Fonte: Getty Images)
As simulações também permitiram estudar detalhes sobre o material ejetado pelo impacto e a distância que ele alcançou. Aparentemente, esse movimento de materiais do subsolo teria corrido por 2.000 a 2.500 quilômetros para além da cratera na África do Sul — não tão distante quanto se imaginava, já que pesquisas anteriores determinaram efeitos observados até a atual República da Carélia, na Rússia, que está quase 10 mil quilômetros de distância.
“É incrivelmente difícil restringir a localização de massas de terra há muito tempo”, conclui Allen. “As melhores simulações atuais mapearam cerca de um bilhão de anos, e as incertezas aumentam quanto mais você retrocede. Evidências esclarecedoras, como esse mapeamento da camada ejetada, podem permitir que os pesquisadores testem seus modelos e ajudem a completar a visão do passado.”