Ciência
12/10/2022 às 06:30•2 min de leitura
A arqueologia oferece à humanidade maneiras de ler nossa história para podermos compreender como chegamos até aqui. Seus achados ajudam pesquisadores e historiadores a construir saber, costurando a teoria com os fatos. Porém, por vezes as descobertas arqueológicas mostram uma realidade muito diferente do que as teorias julgavam.
Essas reviravoltas nem sempre mudam os rumos do que acreditávamos ser "a verdade dos fatos", mas dão um delicado toque de ironia. É como se servisse de alerta para compreendermos o quão complexa é nossa existência. Que tal conhecer algumas destas descobertas que pegaram a humanidade na contramão? Confira.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Estamos acostumados a ouvir que as pessoas são fascinadas pelo ouro, certo? Só de falar no tema, deve vir à menta as imagens históricas de Serra Pelada, o maior garimpo do Brasil. No entanto, em 2021, arqueólogos estudaram mais de 4500 artefatos encontrados no Cáucaso, identificando que as civilizações que ali residiram tinha perdido o interesse pelo metal.
Como que do nada, o metal precioso sumiu de objetos artísticos e túmulos, ao contrário de culturas vizinhas e em um contexto que o ouro da região não tinha se esgotado. Ao longo de 700 anos, as comunidades que residiram entre os mares Cáspio e Negro o rejeitaram.
De acordo com os envolvidos na pesquisa, esse dado sugere que nem todas pessoas se viram rendidas pela preciosidade do metal.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante séculos, muitas comunidades eram caçadoras-coletoras. Em geral, expressavam suas frustrações de maneira violenta. Contudo, por volta do ano 1000 a.C., houve uma mudança nos padrões climáticos, tornando alguns alimentos de origem marinha escassos. A solução foi tentar a agricultura, o que tornou as sociedades mais estáveis e presas ao solo, conforme a pressão alimentar diminuía.
No Chile, arqueólogos descobriram, porém, que algo não saiu muito bem. Os pioneiros na agricultura tentaram cultivar alimentos no deserto do Atacama. Com a escassez de solo fértil, a violência explodiu, fazendo com que matassem uns aos outros por séculos, em virtude da falta de alimentos. Os percalços da evolução.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Batalha de Waterloo foi decisiva para a derrota final de Napoleão, em um confronto contra as tropas lideradas pelo Duque de Wellington e por Blücher. Os exércitos lutaram por longas oito horas, o que resultou na morte de quase 50 mil soldados.
O levantamento sobre a quantidade de corpos colocou a batalha como uma das piores do século, com inúmeros mortos enterrados em valas comuns. Só que um grupo de arqueólogos revisitaram os terrenos da batalha e, ao invés de muitos esqueletos, eles encontraram ossos soltos esporádicos.
Este ano, pesquisadores levantaram uma possível explicação para o caso. No século XIX, as empresas produtoras de farinhas de ossos na Europa utilizavam ossos animais e humanos na produção de fertilizantes. Logo, a hipótese dos pesquisadores é que alguns desses fabricantes tenham desenterrado os corpos das valas comuns para revender.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O agro pode até ser pop, mas o pão é rock. Brincadeiras à parte, era só uma maneira para te contar que o pão existiu antes da agricultura. Em 2018, arqueólogos descobriram que, ao contrário do que se pensava, a panificação não era resultado das plantações, mas sim o contrário.
Em uma escavação feita na Jordânia, pesquisadores encontraram um pão produzido por comunidades de caçadores-coletores com cerca de 14.400 anos. A datação foi fundamental para se chegar a essa afirmação da ordem de surgimento, já que a agricultura levaria, ainda, 4 mil anos até ser praticada.
Historiadores creem que esse pão antigo era feito com ingredientes semelhantes aos de hoje, contudo, em sua versão selvagem. Teria sido a partir dele que as comunidades decidiram cultivar cereais. Será que a arqueologia também sabe quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?