Artes/cultura
11/11/2022 às 04:00•2 min de leitura
Novas conclusões indicam que as propriedades dos buracos negros podem oferecer pistas sobre a existência de dimensões extras em um universo bidimensional. Essa teoria sugere a presença de uma lacuna na compreensão humana sobre a relatividade e a mecânica quântica e coloca em xeque o próprio conceito da anomalia cósmica, caracterizada pelo físico Stephen Hawking como algo prestes a ser evaporada.
De acordo com o renomado cientista, os buracos negros possuem uma escala de tempo extraordinariamente longas, mas podem desaparecer caso uma partícula e um par de antipartículas se forme e seu horizonte de eventos. Essa situação permitiria que objetos se perdessem pra sempre nessa região do espaço-tempo, sendo drenados por meio de uma espécie de radiação de larga escala — muitas vezes sem deixar qualquer tipo de rastro.
Eis que surge o primeiro paradoxo. Seriam, então, os buracos negros bidimensionais? Uma nova crença aponta que esses fenômenos espaciais ocorrem como uma espécie de holograma, onde há informações armazenadas em uma superfície que apenas não foi identificada pelas tecnologias humanas. Enquanto isso, o conjunto visual — grosseiramente falando — seria o que se "perde", segundo a teoria de Hawking.
Evidências reforçam que, à medida que um material é absorvido pelo evento cósmico, sua área de superfície cresce proporcionalmente, mas não em relação volume, como era de se esperar segundo os preceitos geométricos. Essa alteração seria diretamente proporcional à entropia nas imediações da anomalia e indicaria que não apenas ela seria bidimensional, mas todo o universo como conhecemos.
(Fonte: NASA / Reprodução)
Essa questão afetaria não apenas a forma como os princípios cósmicos são encarados, mas também as implicações de teses como as teorias das cordas e do espaço-tempo. Assim, estima-se que as equações relativas aos preceitos seriam mais fáceis de resolver, já que se partiria de uma abordagem tridimensional para uma bidimensional. Aparentemente, é inquestionável a ideia de um buraco negro tridimensional, mas agora é possível imaginar que, em relação às informações retidas, há chances de se criar uma dualidade de duas e três dimensões simultaneamente.
Supostamente localizado no centro da Via Láctea, o buraco negro supermassivo pode oferecer respostas sobre a procura por dimensões extras. Um estudo publicado em 2010 pelo físico Amitai Bin-Nun, da Universidade da Pensilvânia, revelou que essa lente gravitacional em torno de Sagitário A* possui uma força gravitacional capaz de distorcer e aumentar as imagens e brilho das estrelas. Por meio de simulações, ele concluiu que a existência de dimensões extras expandiria as propriedades dos objetos luminosos em quase 50%.
Segundo a teoria das cordas, cada pedaço fundamental de matéria é uma corda infinitesimal vibrando de uma maneira ou de outra e se localiza em um espaço com seis dimensões extras que estão emaranhadas e, muitas vezes, invisíveis. Além disso, a deformação detectada por Einstein, e capaz de afetar até a luz, distorce o espaço-tempo e altera a trajetória e velocidade dos objetos. Assim, há chances de boa parte do visível, especialmente na periferia dos buracos negros, ser uma espécie de holograma, uma ilusão.
No momento, essas teorias são discutidas e possuem sua validação. Assim como a terceira dimensão pode não ser real em relação ao que é perceptível, a informação retida pelo buraco negro pode não aparentar cair em um limbo bidimensional. Porém, as informações que rodeiam os fenômenos e não são "engolidas" podem oferecer muitas respostas em um futuro.