Artes/cultura
29/11/2022 às 02:01•2 min de leitura
Uma teoria bastante popular entre pesquisadores afirma que uma dieta rica em carne fez com que o Homo erectus, o ancestral direto do Homo sapiens, pudesse investir mais em seu intelecto — o que fez os seres humanos se diferenciarem de outros animais ao redor do planeta.
No entanto, estudos recentes questionam as evidências básicas usadas para criar essa concepção, afirmando que o consumo de carne nada esteve relacionado com a nossa evolução intelectual com o passar das gerações. Veja só o que dizem os novos relatórios ao longo dos próximos parágrafos!
(Fonte: Shutterstock)
Há anos, a teoria de que o consumo de carne permitiu o desenvolvimento do cérebro humano passou a ser batizada de hipótese "a carne nos tornou humanos". Cientistas que apoiam essa linha de pensamento acreditam que sair de uma dieta de vegetais para uma dieta rica em proteínas e gorduras, vindas da carne e da medula óssea de carcaças, faria com que alguém tivesse a energia necessária para alimentar um cérebro maior.
Inclusive, esse apreço pela carne teria tornado o H. erectus e seus ancestrais carnívoros mais habilidosos, aprendendo a usar ferramentas para adquirir seu alimento. Porém, um novo estudo feito pela The George Washington University tem questionado todas as evidências.
Publicado na revista PNAS, o artigo revela que houve uma explosão de ossos cortados e ferramentas de pedra há 1,9 milhão de anos, quando nossos ancestrais ainda andavam por aí. No entanto, os pesquisadores acham que a culpa pode ser dos antropólogos que escavaram mais locais desse período.
(Fonte: Shutterstock)
Na visão da coautora do estudo Briana Pobiner, é evidente o aumento no número de ossos com marcas de corte nessa época histórica, porém isso não oferece nenhuma certeza. "O que estávamos tentando descobrir é: isso é um sinal comportamental real? Ou é apenas sinal de que você obtém mais fósseis marcados com cortes se você retirar mais fósseis do solo?”, argumentou.
Para obter uma melhor visão da situação, a equipe voltou a locais que datam de 2,6 milhões a 1,2 milhão de anos atrás e contou o número de fósseis e o número de ossos massacrados. Caso o consumo de carne tivesse realmente ajudado na nossa evolução, os pesquisadores esperavam encontrar um aumento de 10% a 50% no número de ossos cortados após a existência do H. erectus.
Em vez disso, a análise mostrou que os índices de abate não mudaram muito com o tempo. Locais com mais ossos encontrados inevitavelmente apresentaram números maiores de ossos abatidos, mas isso só sugere que os hominídeos anteriores também cortavam pedaços de carne.
Como forma de conclusão do artigo, Pobiner e seus colegas não descartam completamente a possibilidade da "carne ter nos tornado humanos", porém reclama a falsa de senso crítico da comunidade científica ao avaliar descobertas do passado. No fim das contas, o estudo mostra que a evolução humana é muito sutil e complexa para encontrarmos soluções simples sobre o que nos tornou quem somos hoje.