Artes/cultura
28/11/2022 às 09:00•2 min de leitura
Um exoplaneta recém-descoberto a apenas 200 anos-luz de distância do nosso planeta tem chamado a atenção de pesquisadores pelo mundo todo. Com cerca de 1,8 vezes o raio da Terra, o astro apelidado de TOI-1075b mostrou ser um dos maiores exemplares de um exoplaneta superterra já descobertos até o momento.
As superterras são planetas terrestres como o nosso, porém maiores — o nome não implica nada sobre as condições de habitabilidade. Por possuir uma massa de 9,95 vezes maior do que a Terra, TOI-1075b seria pesada demais para ser gasosa, o que indica que esse é um exoplaneta rochoso, como Mercúrio, Marte e Vênus. Inclusive, essa peculiaridade o tornaria um candidato ideal para estudarmos mais sobre as teorias da formação e evolução planetária. Entenda o caso!
(Fonte: NASA/Divulgação)
Um fato curioso sobre o TOI-1075b é que ele está localizado numa faixa chamada de lacuna do raio do pequeno planeta — um déficit de planetas entre 1,5 e 2 raios terrestres. Isso quer dizer que superterras ligeiramente menores foram encontradas no passado, mas o mesmo já aconteceu com mundos um pouco maiores.
Esses últimos, com atmosferas inchadas, são conhecidos como mininetunos. Porém, o meio entre esses dois comparativos é uma espécie de deserto. Essa lacuna do raio do planeta pequeno só foi identificada mesmo em 2017, quando um catálogo grande o suficiente de exoplanetas, ou planetas fora do nosso Sistema Solar, já existia e era possível identificar um padrão.
E o que tudo isso quer dizer? De acordo com os cientistas, existe uma explicação para que TOI-1075b esteja dentro dessa faixa. A principal hipótese é que esse exoplaneta simplesmente não tenha massa para reter uma atmosfera contra a radiação evaporativa próxima da sua estrela hospedeira. De acordo com esse modelo, os exoplanetas da lacuna devem, portanto, ter uma atmosfera composta consideravelmente por hidrogênio e hélio.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O TOI-1075b é uma descoberta feita pelo telescópio de caça de exoplanetas da NASA, TESS, que procura por quedas regulares na luz de outras estrelas para identificar outros astros orbitando em volta delas. Para os astrônomos, a diminuição da luz de uma estrela é o suficiente para medir o raio de um exoplaneta.
Os dados do TESS sugeriam que a estrela anã TOI-1075 estava sendo orbitada por um exoplaneta em torno de 1,72 vezes o raio da Terra, algo que chamou a atenção do astrônomo Zahra Essack. Tendo em mente que o TOI-1075 possui massa e raio de cerca de 60% do nosso Sol, Essack e seus colegas conseguiram calcular a massa do exoplaneta para 9,95 massas terrestres.
Esses dados deixaram todos em choque, uma vez que isso qualificaria o TOI-1075b como a superterra mais densa já conhecida pela literatura científica. De acordo com os pesquisadores, é possível que esse exoplaneta seja tão quente — sobretudo por estar tão perto de sua estrela — que a sua superfície pode ser um grande oceano de magma que produz uma atmosfera rochosa vaporizada.
Como próximo passo, os cientistas pretendem usar o Telescópio Espacial James Webb para buscar evidências de uma atmosfera fina, de silicato ou nenhuma atmosfera no TOI-1075b. Obtendo esses dados, isso poderia revelar alguma particularidade desconhecida a respeito da formação e evolução desse planeta e de como as superterras perdem seu gás.