Artes/cultura
04/12/2022 às 10:00•2 min de leitura
Embora nosso olfato não seja tão impressionante quanto o de animais, como os cachorros, é importante ressaltar que esse continua sendo um sentido extremamente relevante em nossas vidas. Odores dos mais variados tipos rodeiam nossas vidas e muitas vezes estão intimamente relacionados com alguns de nossos sentimentos.
Porém, isso não é tudo. Estudos recentes mostram que dezenas de doenças possuem um cheiro particular, como a diabetes, que faz a urina cheirar a maçã podre. Inclusive, existem relatos medicinais de pessoas que são extremamente eficazes em detectar essas doenças com seus narizes, como Joy Milne, uma mulher que identificou pessoas portadoras da doença de Parkinson com base apenas em seu cheiro.
(Fonte: Shutterstock)
Embora o "dom" de conseguir decifrar o cheiro de pessoas doenças pareça uma habilidade e tanto, há quem diga que qualquer ser humano poderia treinar seus sentidos olfativos ativos para reconhecer os "cheiros doentios". Em entrevista à National Geographic, a pesquisadora de saúde pública da London School of Hygiene and Tropical Medicine, Valerie Curtis, afirmou que os seres humanos são ótimos em detectar doenças.
Muco, vômito ou pus são sinais claros de que algo errado está acontecendo com um indivíduo. Segundo Curtis, esse tipo de informação faz com que exista um grande sentido evolutivo em usarmos nossos narizes para perceber doenças. Porém, por que os doentes fornecem odores diferentes em primeiro lugar?
O motivo parte da ideia de que nossos corpos estão constantemente lançando substâncias voláteis no ar. Essas substâncias são carregadas pela nossa respiração e vazam por todos os nossos poros, variando dependendo da idade, dieta ou se alguma doença despertou alguma engrenagem em nosso metabolismo.
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Recentemente, o caso da mulher que conseguiu identificar o cheiro da doença de Parkinson tornou-se uma atração global. Essa é uma enfermidade difícil de diagnosticar e quando a maioria das pessoas descobre que a tem, já perdeu metade das células cerebrais produtoras de dopamina, atacadas pela doença.
No entanto, seis anos antes de seu marido Les ser diagnosticado com tal problema, Joy Milne notou algo errado em seu cheiro. Em declaração à imprensa, ela disse que ele carregava "uma espécie de odor amadeirado e almiscarado". Anos depois, em uma sala cheia de pacientes de Parkinson, ela notou que esse cheiro não era exclusivo de seu marido.
Ela logo repassou sua observação para um pesquisador da doença em Edimburgo chamado Tilo Kunath, que se reuniu com a química analítica Perdita Barran para se aprofundar sobre o tema. Em uma série de testes, Milne se mostrou capaz de até mesmo diagnosticar um indivíduo com Parkinson oito meses antes dele desenvolver a doença.
(Fonte: Shutterstock)
Embora os cães tenham um dos olfatos mais elogiados na natureza, inclusive sendo usados para farejar casos de câncer, pesquisas sugerem que os humanos são igualmente bons em detectar muitos odores. Considerando apenas o número de neurônios nos bulbos olfativos de nossos cérebros, temos um olfato melhor que os ratos e camundongos — ficando no meio da tabela entre os mamíferos.
A maior barreira para nossa espécie, no entanto, é que não prestamos tanta atenção aos cheiros por não termos uma linguagem sofisticada o suficiente para descrevê-los. Sendo assim, muitas vezes não apresentamos a capacidade de sentir o cheiro da mudança em nosso estado de saúde ou de uma pessoa querida.
Porém, existem indícios de que basta ter mais foco para nos tornarmos bons detectadores. Em um pequeno estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences em 2017, todos os participantes envolvidos conseguiram identificar pessoas doentes e saudáveis com base no odor corporal em apenas algumas horas depois desses indivíduos terem seus sistemas imunológicos acionados por uma toxina de infecção simulada. Portanto, seguir nosso nariz não é exatamente uma má ideia!