Artes/cultura
12/12/2022 às 12:00•2 min de leitura
Um estudo conduzido por cientistas franceses, russos e alemães reviveu um vírus que passou cerca de 48.500 anos no permafrost — região no Ártico coberta permanentemente por gelo —, mas ainda mostrava sinais de ser infeccioso. E ele não foi o único organismo encontrado e revivido.
Ao todo, foram isolados 13 vírus de sete amostras antigas de permafrost da Sibéria. Elas haviam sido retiradas do fundo de um lago, da pele de um mamute e dos intestinos de um lobo siberiano. E isso deve soar o alarme de que mais vírus pré-históricos podem surgir à medida que a Terra esquenta.
(Fonte: Unsplash)
Em algum momento entre o final de novembro e o começo de dezembro de 2019, um morador de Wuhan foi contaminado pelo coronavírus responsável pela covid-19. Embora não seja possível identificar qual foi o paciente zero, sabe-se que o vírus veio de algum animal silvestre da região.
Ao longo de toda a história humana, as mais variadas doenças chegaram às pessoas por diferentes meios. Embora o contato com animais seja uma dos mais comuns, às vezes, basta que um microrganismo que vive em um ambiente isolado consiga infectar uma pessoa para dar início a uma nova crise sanitária.
Os pesquisadores que conduziram o estudo com os vírus presos no permafrost acreditam que esse trabalho é uma forte evidência de que organismos como esses não são tão raros quanto se pensava anteriormente. Além disso, eles também alertaram que esses vírus podem representar uma ameaça à saúde pública, pois as mudanças climáticas aquecem a Terra e derretem as regiões congeladas do planeta, como a Sibéria.
“Um quarto do hemisfério norte é sustentado por solo permanentemente congelado, conhecido como permafrost”, escreveram os pesquisadores em seu estudo. “Devido ao aquecimento global, o degelo irreversível do permafrost está liberando matéria orgânica congelada por até um milhão de anos, incluindo vírus que permaneceram inativos desde os tempos pré-históricos”.
(Fonte: Shutterstock)
Uma das consequências que a recente pandemia evidenciou é que nós temos a capacidade para desenvolver tratamentos eficazes para combater patógenos como os vírus. Com a comunidade científica de diferentes países trabalhando junta, foi possível entender melhor o coronavírus e descobrir as maneiras mais eficazes de enfrentá-lo.
Além disso, combater infecções bacterianas, mesmo que de bactérias antigas, tende a ser uma situação ainda mais tranquila, uma vez que uma epidemia causada por esse tipo de patógeno pode ser rapidamente controlada pelos antibióticos modernos à nossa disposição.
No entanto, vírus antigos podem representar um desafio perigoso para a humanidade. Ao contrário das bactérias, que podem ser tratadas com uma ampla gama de antibióticos, os vírus normalmente precisam de um tratamento mais especializado, e que pode levar tempo para se desenvolver.
Mas isso não significa que todos os vírus — ou outros microrganismos — que o permafrost libere representem uma ameaça perigosa. Isso porque uma série de incógnitas ainda permanecem, incluindo a capacidade dos vírus de sobreviver.
“Mas o risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, quando o degelo do permafrost continuará acelerando e mais pessoas estarão povoando o Ártico na sequência de empreendimentos industriais”, concluem os pesquisadores.