Artes/cultura
24/12/2022 às 04:00•2 min de leitura
Talvez isso possa ser uma novidade para você, mas no Hemisfério Sul as tempestades são muito mais frequentes do que no Hemisfério Norte (cerca de 24% a mais). A razão por trás desse fenômeno ainda é incerta, mas uma pesquisa recente parece ter indicado a resposta.
De acordo com o estudo, publicado no periódico científico PNAS (Anais da Academia Nacional de Ciências, em tradução livre), as tempestades e os eventos climáticos mais recorrentes e extremos no Hemisfério Sul são induzidas por dois motivos: a topografia e a circulação oceânica.
A publicação, encabeçada pela climatologista Tiffany A. Shaw, do Departamento de Ciências Geofísicas da Universidade de Chicago, determinou que a topografia responde por aproximadamente metade da assimetria da tempestade entre os hemisférios.
Os resultados, alcançados via simulações feitas por computador usando diversos modelos climáticos, mostraram que a topografia elevada de uma região impactava diretamente na tempestuosidade, já que são barreiras naturais que impedem que os ventos passem.
Topografia montanhosa do Hemisfério Norte reduz a ocorrência de tempestades. (Shutterstock/ Reprodução)
Sendo assim, as áreas com predominância de cadeias de montanhas – como na parte norte do globo – acabam sofrendo com a interrupção do fluxo de ar, diminuindo a incidência de tempestades.
Quando os cientistas deixaram a topografia plana, perceberam que a assimetria praticamente desapareceu.
A circulação oceânica – circulação de correntes marítimas quentes e frias – é a outra chave da predominância de tempestades no Hemisfério Sul.
Segundo os pesquisadores, a circulação oceânica transporta energia do Hemisfério Sul para o Hemisfério Norte, de modo a criar maior desequilíbrio do fluxo de energia que vai da superfície da linha do equador até o Polo Sul, mais precisamente a Antártida. Desse modo, surge a diferença energética entre os dois lados do planeta.
A movimentação das águas dos oceanos também contribuem para o fenômeno. (Shutterstock/ Reprodução)
A circulação oceânica também interfere na dinâmica do Hemisfério Norte. Porém, devido ao derretimento do gelo do mar do Ártico e da neve que absorve a luz solar, a influência da circulação é anulada.
Desde que começou a se observar as tempestades via satélite (década de 1980), os especialistas constatam que o fenômeno se tornou cada vez mais frequente no Hemisfério Sul, enquanto o Hemisfério Norte apresentou mudanças insignificantes.
Entender o mecanismo por trás da assimetria climática entre os hemisférios é de suma importância para prever as mudanças que podem ocorrer no futuro.
Cabe lembrar que nós, seres humanos, somos responsáveis pela mudança climática que se apresenta atualmente. Ter o conhecimento de como o planeta responde a essas mudanças é crucial para podermos nos preparar melhor para o que há de vir.