Artes/cultura
22/01/2023 às 08:02•2 min de leitura
Foi em meados de 1939 que cientistas norte-americanos pediram ao então presidente Franklin Roosevelt insumos para estabelecer um programa que estudasse o uso militar potencial da fissão nuclear.
Em 1942, temendo que os alemães estivessem trabalhando em uma arma destrutiva de larga escala produzida com tecnologia nuclear, a pesquisa de fissão foi estendida para a criação do Projeto Manhattan, em homenagem ao local da Universidade de Columbia, onde grande parte do estudo inicial foi feito antes de se mudar para o laboratório de Los Alamos, no Novo México, em 13 de agosto daquele ano.
No ano seguinte à construção do primeiro reator nuclear, o Chicago Pile-1, uma equipe de cientistas já se preparava para a produção da primeira bomba atômica da história, detonada como teste perto de Alamogordo, no sul do Novo México. Em 6 e 9 de agosto de 1945, o projeto terminou com a queda dos dispositivos atômicos Little Boy e Fat Man em Hiroshima e Nagasaki, respectivamente, custando a vida de cerca de 135 mil pessoas.
Contudo, alguns cientistas envolvidos na criação da bomba atômica tentaram impedir que ela fosse usada.
James Franck. (Fonte: Online Archive of California/Reprodução)
Entre Albert Einstein, Richard Feyman, Joseph Rotblat, Leo Szilard, Edward Teller, Herbert York e Enrico Fermi, envolvidos no Projeto Manhattan –, o físico James Franck publicou um documento intitulado "Relatório Franck", em junho de 1945, listando os motivos pelos quais ele discordava do uso da bomba atômica.
Ele falou sobre os problemas políticos e sociais que a ameaça atômica acarretaria para a imagem dos Estados Unidos, que “sacrificaria o apoio público em todo o mundo”, precipitando a corrida armamentista e prejudicando a possibilidade de chegar a um acordo internacional sobre o futuro controle daquele tipo de dispositivo.
(Fonte: U.S National Archive/Reprodução)
A alternativa sugerida por Franck era que os norte-americanos jogassem a bomba em uma área despovoada apenas para ilustrar ao governo imperial japonês o dano que causaria se fosse em um local urbanizado.
A ideia era fazer o Japão se render ao testemunhar tamanho estrago. Contudo, embora alguns concordassem com o físico, uma análise de seu relatório determinou que nenhum teste técnico convenceria o Japão a se render.
Leo Szilárd. (Fonte: Wikimedia Commons)
Leo Szilárd escreveu uma petição observando como o uso de armas nucleares seria prejudicial para os EUA por tempo indeterminado, salientando que o país (e as demais nações) corria o risco de uma aniquilação repentina caso as armas nucleares caíssem em mãos erradas. Além disso, havia a enorme possibilidade de que eles acabassem, em um futuro próximo, se tornando vítimas da própria criação ao receberem ataques.
Portanto, Szilárd considerava ser obrigação do governo impedir que isso acontecesse, e que deveriam “assumir a responsabilidade de abrir a porta para uma era de devastação em escala inimaginável”. Mais de 70 cientistas, consultores e químicos assinaram a petição.
Em abril de 1945, o último esforço do físico foi se reunir com James F. Byrnes, futuro secretário de Estado, para convencê-lo de que a bomba não poderia ser detonada. Sua esperança era que Harry Truman, que assumiu a presidência após a morte de Roosevelt, considerasse suas observações.
Mas isso nunca aconteceu, como você sabe, e as bombas foram detonadas, mais para reafirmar a imagem de poder e soberania do governo norte-americano – com um toque de vingança –, do que por algum tipo de "necessidade de guerra".