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21/01/2023 às 13:00•2 min de leitura
Histórias apocalípticas de mortos voltando à vida por causa de um vírus ou bactéria não são uma novidade. Então como a nova série da HBO, The Last of Us, destaca-se dentro da temática e traz um quê ainda mais macabro para o colapso da humanidade? Simples: o agente criador dos zumbis é um fungo que realmente existe.
A série é baseada no aclamado jogo homônimo, desenvolvido pela Naughty Dog e lançado em 2013. Diferentemente de The Walking Dead e Resident Evil, em que os mortos voltam à vida por causa de um vírus, o jogo The Last of Us – e a série, consequentemente – explora uma realidade diferente: a infecção pelo fungo do gênero Ophiocordyceps.
Em The Last of Us, o fungo conhecido como Cordyceps toma o controle do cérebro das pessoas, como toda boa trama zumbi, cria massas esponjosas dentro dos corpos e gavinhas da boca e, eventualmente, explode nos olhos e na testa.
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(Fonte: HBO/Reprodução)
De acordo com o Dr. Ilan Schwartz, instrutor da Duke University School of Medicine, é mais difícil criar métodos de proteção contra doenças causadas por fungos do que as causadas por vírus e bactérias.
Isso acontece porque os fungos são mais complexos e têm células nucleadas, estando, portanto, “mais próximos” dos seres humanos do que vírus e bactérias. Ou seja, os antifúngicos têm menos alvos para trabalharem de forma a não causarem danos às células humanas.
Fungo Cordyceps em uma lagarta. (Fonte: Wikimedia Commons)
Existe, sim, a possibilidade de que o fungo possa passar por um processo evolutivo e se tornar capaz de adoecer seres humanos. Isso, inclusive, já aconteceu com o fungo Candida auris, que foi o primeiro fungo evoluído para um patógeno humano, descoberto em 2019.
Assim como acontece na série, o Candida auris se adaptou aos seres humanos devido às mudanças climáticas que aqueceram as florestas onde estavam e o fizeram se adaptar mais facilmente aos mamíferos.
A chance de uma pandemia zumbi acontecer por conta do Cordyceps, contudo, é remota e não deve causar preocupação.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na vida real, o Ophiocordyceps unilateralis é um fungo entomopatogênico, ou seja, que mata ou incapacita insetos. Existem cerca de 600 espécies dele espalhadas por todo o mundo, sendo a maioria concentrada nas florestas tropicais da Ásia.
O Cordyceps existe há cerca de 48 milhões de anos e foi descoberto em 1859 pelo naturalista britânico Alfred Russel Wallace, mas faz vítimas apenas no mundo animal!
Segundo o Dr. David P. Hughes, da Penn State University, o fungo se liga ao corpo de insetos hospedeiros, faz túneis internamente ao longo de um dia e, depois, cria uma rede para que quase 50% do corpo do inseto passe a ser fúngico.
Confira um vídeo do Cordyceps em ação em uma formiga:
Em The Last of Us, os infectados espalham o fungo através da mordida. Apesar disso não acontecer com o Cordyceps, esse comportamento está presente em outros exemplares do Reino Fungi, como o Sporothrix brasiliensis, que causa a esporotricose.
Além de se espalhar através de seus esporos, arranhões e mordidas de gatos, também contaminam os seres humanos.
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