Saúde/bem-estar
30/01/2023 às 09:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, identificaram um registro histórico inédito sobre a vida da renomada paleontóloga Mary Anning (1799-1847). Na biblioteca da instituição, foi encontrado um curto manuscrito de tons biográficos sobre a coletora de fósseis inglesa, destacando algumas de suas memórias em vida e seus grandes feitos realizados durante o século XIX.
O documento, escrito originalmente pelo historiador George Roberts, compilou os últimos dez anos de vida da paleontóloga e trouxe informações sobre um passado nunca publicadas em quaisquer meios de imprensa. Roberts, diretor particular de uma escola que ficava em frente à loja de fósseis da coletora, começou a escrever em 1837 e planejou lançar um livro biográfico, mas alterou a proposta para um obituário após o falecimento da retratada.
“Quando a Biblioteca me enviou uma cópia do manuscrito de quatro páginas, descobri que se baseava parcialmente na passagem do [historiador George] Roberts por Lyme Regis”, comenta o Dr. Michael Taylor em nota.
No documento escrito à mão, é descrito como Anning, uma "célebre fossilista", foi atingida por um raio quando bebê e acabou se tornando uma criança "viva e inteligente". Além disso, o texto resgata elementos de sua infância e conta como teve início sua paixão pelo resgate de peças fósseis aos 10 anos, quando ela vendeu sua primeira descoberta — uma concha de amonite — por meia coroa a uma senhora que passava na rua.
(Fonte: University of Bristol Library / Reprodução)
Com o achado, os pesquisadores britânicos encontraram o primeiro documento histórico que reconhece as conquistas de Anning enquanto ainda estava viva, já que todos os principais materiais se referenciam a ela apenas de forma póstuma.
“No artigo, mostramos fotografias detalhadas de todas as quatro páginas do documento, bem como nossa leitura das várias versões e modificações. George Roberts foi o autor local que relatou as notícias de Lyme Regis para vários jornais e escreveu seus próprios livros, então, faz todo sentido que ele tenha escrito sobre Mary Anning como uma celebridade conhecida na cidade”, comentam os autores da pesquisa.
Considerada uma figura "esquecida" pela ciência, Mary Anning foi uma proeminente coletora de fósseis que abriu portas para uma das atividades mais importantes do meio arquivologista. Em Lyme Regis, ela encontrou, pela primeira vez, itens que reforçaram a existência de répteis marinhos pré-históricos, como no caso de ictiossauros e de plesiossauros do Jurássico, era ocorrida entre 201 milhões a 145 milhões de anos atrás.
Seu legado é visto como um incentivo para mulheres que buscam ingressar em departamentos acadêmicos e científicos. Além disso, sua história é um exemplo pela busca de direito e participação ativa das mulheres, discutindo como a identidade de gênero e as condições sociais podem impactar a vida de pessoas e modificar o modo como seus status quo são contemplados por "concorrentes" masculinos.