Artes/cultura
03/02/2023 às 11:00•2 min de leitura
No Egito, um papiro de quase 16 metros de comprimento foi localizado em uma tumba na pirâmide de degraus de Djoser em Saqqara. O documento conta com algumas seções do Livro dos Mortos e os arqueólogos que o encontraram acreditam que ele possui mais de dois mil anos.
Cena de um papiro do Livro dos Mortos do escriba Hunefer, mostrando o seu coração sendo pesado na balança de Maat contra a pena da verdade. Os egípcios acreditavam que se o coração possuía o mesmo peso da pena, a pessoa poderia passar para a vida após a morte. (Fonte: Wikimedia Commons)
Na antiguidade, os egípcios criaram uma série de registros para ajudar os mortos a encontrar o caminho para o reino do deus Osíris. Os arqueólogos batizaram esses registros como Livro dos Mortos e seu uso foi mais recorrente durante o Novo Império (cerca de 1550 a.C. a 1070 a.C.).
Por ter se tornado comum, registros como este não são raros. Porém, este é o primeiro papiro completo a ser descoberto em Saqqara em mais de 100 anos. Espera-se que ele possa ajudar na compreensão de antigas tradições funerárias egípcias. Atualmente o papiro está sendo traduzido para o árabe e todo o trabalho de conservação já foi finalizado.
A pirâmide de degraus de Djoser foi construída durante o reinado do faraó Djoser e foi a primeira pirâmide feita pelos egípcios. Djoser governou por volta de 2630 a.C. a 2611 a.C. e todo o entorno da pirâmide foi usada para enterros por milênios. O papiro recém-descoberto data do período tardio (cerca de 712 a.C. a 332 a.C.), mas até o momento não foi possível identificar para quem ele havia sido feito, nem sua data precisa. A expectativa é que ambas as informações sejam anunciadas em breve, com as primeiras imagens do documento.
Pirâmide de degraus de Djoser. (Fonte: Wikimedia Commons)
Em 2022, outro segmento de papiro foi encontrado em Saqqara. Ele estava em um túmulo perto da pirâmide do faraó Teti (que reinou por volta de 2323 a.C. a 2291 a.C.). No documento, havia o nome do seu dono: um homem chamado "Pwkhaef". Este papiro possuía 4 metros de comprimento e continha apenas uma parte do Livro dos Mortos.
Os túmulos localizados ao redor da pirâmide do faraó Teti datam das 18ª e 19ª dinastias do Egito (1550 a.C. a 1186 a.C.). Era uma prática comum ser enterrado ao lado da pirâmide de um ex-governante popular no Egito na época. O documento foi encontrado por uma equipe de arqueólogos egípcios e será exposto em um museu egípcio em breve — até o momento, também não foram reveladas imagens do papiro.
Os papiros contendo o Livro dos Mortos podem variar bastante em tamanho. Por isso é difícil saber com precisão, o quanto que este fragmento conseguiu preservar. O papiro recém-descoberto, por exemplo, pode parecer grande, mas outros documentos com mais de 30 metros de comprimento já foram encontrados em outras partes do Egito. O trabalho da equipe agora será tentar compreender quais informações ainda podem ser obtidas do papiro.