4 ideias da ficção científica que são possíveis, teoricamente

11/02/2023 às 10:003 min de leitura

Para um livro ou filme ser realmente enquadrado como ficção científica, suas propostas devem ter uma coerência interna e alguma ligação com a ciência de verdade, por menor que seja. 

Mesmo assim, como o próprio nome sugere, ficção científica é ficção — e permite muita coisa que é simplesmente impossível no mundo real. Viagens na velocidade da luz, lutas no espaço e por aí vai... 

Em contrapartida, existem alguns conceitos da ficção científica que, embora não sejam reais, também não são impossíveis. Pelo menos nas leis da física.

1. Dobra espacial

(Fonte: Freepik)(Fonte: Freepik)

Viagens no espaço são um assunto complicado... Veja bem: a velocidade máxima do universo é a da luz. Mesmo ela pode ser "lenta": chegar ao centro da Via Láctea demoraria 27 mil anos, já que ele está a 27 mil anos-luz da Terra. Imagina, então, chegar em outras galáxias. 

Fora isso, chegar em velocidades tão altas exigiria quantidades impossíveis de combustível e esmagaria todos os astronautas que se aventurassem na viagem. 

Mas o próprio Einstein deixou uma possibilidade aberta: a velocidade da luz é o limite do que podemos viajar no espaço. Então, se o espaço pode ser distorcido, nós podemos manipular a distância da viagem — viajando na mesma velocidade, mas chegando mais rápido.

É assim que surge o artifício da dobra espacial, visto em obras como Star Trek. Décadas depois da série, o físico teórico Miguel Alcubierre produziu equações que mostram que, ao menos na teoria, distorcer o espaço para viajar mais rápido pode ser possível. Agora resta a prática...

2. Gravidade artificial

(Fonte: Freepik)(Fonte: Freepik)

Nos filmes e séries de ficção científica, as pessoas andam normalmente nas naves espaciais, ao contrário dos astronautas de verdade, que flutuam. Isso é uma licença poética para tornar as gravações mais simples. 

Ainda assim, seria possível criar uma gravidade artificial no espaço, desde que tudo girasse em velocidade suficiente para gerar essa força. Isso poderia gerar outros problemas, como tontura, o que não acontece na Terra.

Outra possibilidade é manter uma aceleração constante, sempre aumentando a velocidade da espaçonave. Demandaria uma quantidade absurda de combustível, mas é possível.

3. Buracos de minhoca

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Na verdade, os buracos de minhoca — atalhos que permitem atravessar grandes distâncias no universo instantaneamente — nasceram na física, antes mesmo de parar na ficção científica. 

O nome científico desse fenômeno é "Ponte de Einstein-Rosen", proposta pelo físico Nathan Rosen, a partir da teoria da relatividade de Einstein. Uma vez que a gravidade é a distorção causada por objetos massivos no espaço-tempo, locais com enorme gravidade (como os buracos negros) poderiam se conectar.

Muito bem: quando o astrofísico Carl Sagan quis escrever um livro de ficção científica, ele pediu a um colega para pensar numa maneira factível de viajar grandes distâncias no espaço. Ele sugeriu a Ponte de Eintein-Rosen como algo improvável — já que o buraco negro destrói tudo que se aproxima dele —, mas possível na teoria. Então, Carl Sagan usou essa ideia em Contato, posteriormente adaptado para o cinema.

4. Viagem no tempo

(Fonte: Universal Studios/Reprodução)(Fonte: Universal Studios/Reprodução)

Esse é um conceito que inspirou muitos filmes, livros, séries e videogames — mas que também confunde a cabeça de muita gente. Afinal, se alguém viaja no tempo e impede o casamento de seus próprios pais — como Marty McFly quase fez em De Volta Para o Futuro —, essa pessoa simplesmente deixaria de existir?

Paradoxos à parte, viajar no tempo é possível, sim, no papel. Isso porque, como Einstein propõe na Teoria da Relatividade, o espaço-tempo é um continuum — e se podemos distorcer um, podemos distorcer o outro. O espaço-tempo poderia ser tão distorcido que chegaria a "dobrar". Assim, poderíamos voltar no tempo.

O problema é a dificuldade de causar uma distorção desse tamanho: cálculos feitos nos anos 1970 sugerem o uso de um cilindro de 97 quilômetros de comprimento, com uma massa comparável à do Sol, que gire rápido o suficiente para distorcer o espaço-tempo. Quer tentar?

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