Ciência
04/03/2023 às 07:00•4 min de leitura
A gente ouve falar bastante sobre a catástrofe que acabou dizimando os dinossauros. Essa é a extinção em massa mais conhecida, mas outras quatro aconteceram no planeta antes dessa. E, ao que tudo indica, o desaparecimento dos dinossauros não foi o último fenômeno desse tipo: uma extinção em massa estaria acontecendo agora, no período em que vivemos.
A extinção de espécies não é nada extraordinário por si só: cerca de 98% dos seres vivos que já habitaram o planeta, em seus 4,5 bilhões de anos, não existem mais. Contudo, isso costuma acontecer a uma taxa de 0,1 a 1 por 10 mil espécies, a cada 100 anos. Ou seja, bem lentamente.
Durante esses fenômenos, as espécies foram extintas a uma velocidade muito maior, sem que outras pudessem surgir para substituí-las. Segundo o Museu de História Natural do Reino Unido, uma extinção em massa acontece quando "cerca de 75% das espécies do mundo são perdidas em um 'curto' período de tempo geológico". Curto, nesse caso, é algo bem relativo: menos de 2,8 milhões de anos.
De qualquer maneira, são eventos muito extensos, de escala global, que impactam a grande maioria dos seres vivos que habitam o planeta. A seguir, explicamos quais são as seis extinções em massa que aconteceram na Terra.
Representação da fauna ordoviciana. (Fonte: Wikimedia Commons)
A primeira extinção em massa do nosso planeta aconteceu entre o fim do período Ordoviciano e o início do Siluriano. Essa foi uma era geológica em que os animais marinhos se desenvolveram e diversos tipos de plantas terrestres surgiram.
Acredita-se que uma era glacial no supercontinente de Gondwana tenha posto fim a 85% das espécies. Conforme as placas se movimentavam para o sul, a temperatura caía e glaciares se formavam, o nível dos mares também foi reduzido. Assim, muitas espécies ficaram sem o seu habitat — especialmente os pequenos invertebrados marinhos.
Desenho com peixes do período devoniano. (Fonte: Wikimedia Commons)
70 milhões de anos depois da primeira extinção em massa, o planeta era habitado por peixes primitivos, insetos, plantas mais altas e as primeiras espécies de animais terrestres vertebrados com quatro patas. Até que 70% a 80% dos seres vivos sumiram.
Ainda não foi possível traçar uma linha do tempo com exatidão. Mas acredita-se que a extinção em massa tenha acontecido em, pelo menos, dois eventos separados, com poucos milhões de anos de diferença.
Alterações diversas e intercaladas no ambiente — aumento e diminuição de temperaturas e do nível do mar —, além dos baixos índices de oxigênio na atmosfera, podem ser os responsáveis pela catástrofe. Atividade vulcânica, impactos e até uma supernova também são especulados como motivos.
Muitas espécies de vertebrados pereceram na extinção do Permiano. (Fonte: Wikimedia Commons)
Esse evento é conhecido como "A Grande Morte", pois atingiu a maior parcela da vida na Terra: 95% das espécies que existiam nessa época teriam sumido do planeta. A extinção em massa é, também, a fronteira entre os períodos Permiano e Triássico.
Os altos níveis de dióxido de carbono na atmosfera — decorrentes de erupções vulcânicas — seriam os principais responsáveis por esse fenômeno. Além disso, o impacto de um asteroide teria deixado o ar cheio de poeira, bloqueando a luz solar e causando chuvas ácidas.
O Redondasaurus foi uma das espécies extintas há 200 milhões de anos. (Fonte: Wikimedia Commons)
O quarto processo de extinção em massa do planeta Terra aconteceu na passagem da Era Triássica para a Jurássica. A principal causa seria a separação do supercontinente da Pangeia, que desencadeou a erupção de vulcões, liberando muito dióxido de carbono na atmosfera e deixando os oceanos mais ácidos.
Estima-se que três quartos das espécies foram extintas durante esse processo. Mas aquelas que conseguiram sobreviver se desenvolveram muito bem no Jurássico — é o caso de várias espécies de dinossauros, plantas gimnospermas e dos primeiros mamíferos.
Os dinossauros foram extintos há 65 milhões de anos. (Fonte: Wikimedia Commons)
Enfim chegamos à extinção em massa mais conhecida, que dizimou os dinossauros. Estima-se que 80% das espécies tenham perecido — entre os "dinos", só sobraram os que deram origem às aves. Todos os animais maiores, que precisavam de mais recursos para sobreviver, sumiram — e isso abriu espaço para o desenvolvimento de aves e mamíferos menores.
O impacto de um asteroide é a principal causa dessa extinção em massa: provavelmente, ele caiu na Península de Yucatán, atual México. Mas ele não foi o responsável direto e único pelo fim de todas as espécies. Na realidade, ele desencadeou diversas mudanças no ambiente que, ao longo de um milhão de anos, acabou com os dinossauros.
A poluição e o uso indiscriminado de recursos naturais estão causando a sexta extinção em massa. (Fonte: Pixabay)
Muitos cientistas argumentam que a Terra está passando por um sexto processo de extinção em massa — agora, causado pelos humanos, a espécie que mais alterou o planeta.
O Homo sapiens transformou 70% da superfície terrestre e usa três quartos de toda a água doce, destruindo o habitat de diversas espécies. Além disso, o uso de combustíveis fósseis aumenta a temperatura da atmosfera, estimulando catástrofes naturais.
De fato, muitos seres vivos estão desaparecendo — a uma taxa bem maior que aquela de 0,1 a 1 espécie por 10 mil a cada século. Porém, classificar esse fenômeno como extinção em massa ainda não é um consenso porque não é possível compará-lo com outros períodos. Afinal, o que vemos é um período muito curto: nossa espécie existe há cerca de 2 milhões de anos.
Para terminar, é interessante observar que a extinção do Antropoceno pode ser a sétima — e não a sexta —, pois um processo ocorrido há 550 milhões de anos está sendo pesquisado por cientistas dos Estados Unidos. O
Os cientistas "descobrem" esses eventos estudando fósseis e fazendo suas datações: se uma espécie deixa de existir em determinado período, significa que ela foi extinta naquela época — e se muitas espécies deixam de existir na mesma época, temos uma extinção em massa.