Estilo de vida
13/03/2023 às 06:30•2 min de leitura
Arqueólogos encontraram vestígios de um antigo templo no Sudão, país localizado na porção norte da África, na cidade de Velha Dongola. A construção, que data de 2.700 anos atrás, trouxe surpresa aos pesquisadores da Universidade de Varsóvia envolvidos na expedição, liderada por Artur Obluski.
Isso se deu devido à presença de inscrições com hieróglifos e figuras em alguns dos blocos do templo encontrados, sendo considerados elementos de um templo faraônico. Além disso, uma análise preliminar revelou que eles seriam da primeira metade do primeiro milênio a.C., constituindo, assim, uma descoberta inédita.
Isso porque nenhum outro achado daquela localidade datava de um período tão antigo. Além disso, os blocos seriam anteriores ao próprio surgimento estimado da cidade, o que pode resultar numa nova visão de como a sua origem se deu, ou mesmo na possível existência de outros centros mais próximos.
Análise da escrita nos blocos trouxe pistas importantes aos pesquisadores. (Fonte: Dawid F. Wieczorek/PCMA UW/Reprodução)
Numa das inscrições analisadas dessa construção, inclusive, havia a indicação que o templo seria dedicado ao deus Amon-Rá de Kawa, também adorado no Egito Antigo. Esse detalhe impressiona, considerando que não há registro da existência de sítios arqueológicos com arquitetura egípcia nas proximidades de Velha Dongola.
Segundo Julia Budka, professora de arqueologia da Ludwig Maximilian University of Munich, que já atuou em expedições no Sudão, em entrevista à Live Science, ainda não é possível determinar com maior precisão se os materiais localizados ali poderiam ter sido trazidos de outro sítio arqueológico ou não.
Kawa, que foi um importante centro urbano, por exemplo, estaria a pelo menos 120 quilômetros de distância. De toda forma, ainda segundo a professora, é necessário conduzir novas investigações para ter uma noção mais precisa da idade do templo localizado.
Descobertas em Velha Dongola foram as mais antigas já realizadas. (Fonte: Dawid F. Wieczorek/PCMA UW)
Velha Dongola, situada entre a terceira e a quarta catarata do Rio Nilo, tem grandes laços históricos. Na antiguidade, inicialmente fundada como uma fortaleza no fim do século V, ela foi a capital do Reino de Macúria.
Ao longo da história, sofreu com diversas invasões árabes, além de ter travado relações com o governo egípcio e bizantino, o que rendeu trocas comerciais e também certa influência na cultura e religião dos povos. Após entrar em declínio, foi abandonada a partir do século XVIII, permanecendo oculta por alguns séculos.
Hoje, ela abriga uma vasta porção de igrejas, além de mesquitas, que revelam parte do passado que vivenciou. E por estar deserta e repleta de ruínas, ela tem sido alvo de pesquisadores poloneses desde 1964, que buscam entender melhor como viviam as antigas civilizações que ali habitavam.