Artes/cultura
15/03/2023 às 10:00•3 min de leitura
Pensar de modo sustentável é hoje incontornável. As pessoas têm deixado de adquirir automóveis, ou optado por versões elétricas, reduzido o consumo de carne, dado preferência a produtos com embalagens feitas de material reciclável, enfim, tentado viver uma vida que cause menos impactos ambientais. A mais nova tendência são os funerais verdes.
Sim, o planejamento do pós-vida se tornou um movimento que vem tentando criar uma consciência ecológica nas pessoas, para pensarem e planejarem o que fazer com seus corpos quando morrerem. O objetivo é causar o menor impacto possível ao meio ambiente. Conheça alguns dos métodos mais ecologicamente corretos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Aquamação é um nome que parece saído de revistas da Marvel, mas é uma forma de destinar seu corpo para o pós-vida que causa menos impacto ambiental. Ele também é popularmente chamado de cremação com água, porém, ao contrário da versão tradicional de uma cremação, a aquamação não despeja dióxido de carbono no ambiente, nem utiliza toxinas do fluido de embalsamamento.
A aquamação, ou hidrólise alcalina, é um processo bastante conhecido entre os havaianos nativos, que usam água vulcânica aquecida para desfazer os corpos. O método "industrializado" envolve bombear um fluido alcalino aquecido por cerca de seis horas em torno do corpo, acelerando o processo de decomposição natural.
Após a decomposição, apenas ossos e implantes não orgânicos restam, sendo os primeiros triturados e devolvidos à família. O único subproduto da cremação com água é uma água estéril e não tóxica.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O enterro celestial é uma prática muito comum entre budistas. Nesta modalidade de funeral, o cadáver é colocado no topo de uma montanha para que possa entrar em processo de decomposição. Nesse meio tempo, a exposição dos restos mortais atrai animais, especialmente abutres, que começam a comer o corpo em decomposição.
Na cultura local, esse método de funeral é feito com o objetivo de encorajar o bom carma, devolvendo ao mundo o que foi tirado durante a vida. Estudiosos sugerem que seria uma prática de desapego para os entes que permanecem, que não teria um corpo ou local físico onde lamentar a partida da pessoa.
Curiosamente, esse método de funeral verde é muito útil à região do Tibete, onde é muito praticado, já que ela é carente de madeira e terrenos utilizáveis para cemitérios.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O nome mais conhecido é terramação, mas popularmente as pessoas chamam de compostagem humana. Esse funeral verde transforma os restos mortais em solo fértil, por um processo bastante controlado — e, importante frisar, diferente da compostagem tradicional. O corpo da pessoa falecida é encapsulado em um recipiente selado, juntamente com uma mistura de diferentes materiais naturais, incluindo lascas de madeira e palha.
Com o transcorrer dos dias, os micróbios se tornam ativos, iniciando o processo de decomposição do corpo, aquecendo o recipiente onde o corpo foi colocado. Neste método, é necessária uma supervisão, que inclui a colocação de ventiladores para reativar os micróbios.
A compostagem humana leva entre 30 e 50 dias, restando os ossos e alguma matéria não orgânica, que são triturados e devolvidos à compostagem. Ao fim, aquele solo é entregue à família, que pode utilizá-lo para plantar algo, ou doar a alguma organização envolvida com causas ambientais.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Sim, entre as técnicas de funeral verde existe uma chamada enterro verde. Na prática, ele lembra bastante os métodos tradicionais que a humanidade utiliza para enterrar seus entes queridos. Isso porque é utilizado um caixão. No entanto, ele é fabricado de fibra natural, como ervas marinhas, por exemplo. A decomposição aqui acaba sendo completa: corpo e caixão.
De todas as apresentadas nesse artigo, é o método que ainda causa certo impacto. Isso ocorre em virtude de que alguns cemitérios, apesar de fornecerem o método de enterro verde, finalizam o processo do modo tradicional, com placas de cimento e outras atitudes que impactam o ambiente. De toda forma, é uma opção mais ecológica que as tradicionais.