Arqueólogos encontram 'taverna' de 5 mil anos no Iraque

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia descobriram resquícios do que seria uma taverna da antiga Mesopotâmia. A escavação no sítio arqueológico de Lagash, no Iraque, encontrou a estrutura do estabelecimento, móveis e até restos de comida.

Ao que tudo indica, o local era frequentado por uma espécie de classe média daquela sociedade. Indivíduos que não eram escravos e que podiam ir a um estabelecimento comercial tomar uma tigela de sopa de peixe.

Isso significa que um dos entretenimentos mais comuns que temos hoje, sair para comer um lanche gostoso, também era uma atividade popular há mais de 5 milênios.

(Fonte: Projeto Arqueológico de Lagash)

Forno, louças e até uma “geladeira”

Os arqueólogos encontraram um grande forno de barro nessa taverna, indicando que ali eram feitas muitas refeições e com uma agilidade tão grande que lembraria as cozinhas industriais dos tempos de hoje.

Além disso, vasos de barro eram usados para resfriar os alimentos, aumentando a sua durabilidade e atuando como geladeiras da antiguidade. Os jarros de barro são chamados de “zeer” e conseguem preservar a comida usando a troca de temperatura entre a água e a areia que revestem o objeto. Esse modelo de “geladeira” é usado até hoje em países africanos, como o Sudão.

Os pesquisadores também encontraram louças em formato cônico. Algumas delas tinham restos de peixe, o que dá uma pista de como era o cardápio desse estabelecimento.

À CNN, um dos pesquisadores explicou por que essa descoberta é tão importante: “O fato de você ter um local de encontro público onde as pessoas podem se sentar e tomar uma cerveja e comer seu ensopado de peixe, eles não estão trabalhando sob a tirania dos reis”, disse Reed Goodman, arqueólogo da Universidade da Pensilvânia.

Existia uma classe social nessa cidade que tinha o privilégio de se reunir livremente em encontros sociais. Ainda não se sabe no que essas pessoas trabalhavam e como conquistaram essa liberdade, mas a existência desses espaços ajuda a compreender as dinâmicas sociais da Mesopotâmia — melhorando o ensino da história sobre essas civilizações.

Pesquisadores usaram técnicas avançadas para descobrir o local

(Fonte: Projeto Arqueológico de Lagash)

No ano passado, os pesquisadores encontraram um pátio aberto. Meses depois, retornaram ao local e continuaram escavando, até que descobriram o forno. A escavação é feita de maneira cuidadosa. Uma camada de terra é retirada por vez, sempre horizontalmente.

Essa taverna estava a apenas 50cm do solo. Por isso, qualquer movimento brusco, ou uso de ferramentas inadequadas, poderia ter destruído o local.

Taverna estava em um grande centro urbano

Mapa da região em que ficava a taverna. (Fonte: M. Sauvage Atlas)

Os pesquisadores acreditam que a antiga cidade de Lagash era um grande centro urbano mesopotâmico, tendo importância comercial e até industrial.

Com mais de 450 hectares, Lagash foi um dos maiores locais no sul do Iraque durante o terceiro milênio. O local era de grande importância política, econômica e religiosa. No entanto, também pensamos que Lagash era um centro populacional significativo que tinha fácil acesso a terras férteis e pessoas dedicadas à produção artesanal intensiva.

Dessa forma, a cidade poderia ter sido algo como Trenton, como em "'Trenton faz, o mundo leva', uma capital, mas também uma importante cidade industrial", explicou o professor Pittman, do departamento de História da Arte da Universidade da Pensilvânia, em comunicado oficial da instituição.