Artes/cultura
24/03/2023 às 10:00•2 min de leitura
Em um futuro em que o aquecimento global venceu em todos os aspectos, o nível do mar terá aumentado em proporções avassaladoras, bem como tempestades furiosas destruirão cidades inteiras. O calor também será um inimigo, causando incêndios e secas severas. Além disso, os efeitos das mudanças climáticas, que já ameaçam nossa saúde, consumirão comunidades, a economia e a possibilidade de um futuro saudável para a nova geração – ou, para ser mais sincero, qualquer tipo de futuro.
Todo mundo sabe – ou pelo menos deveria – que para evitar isso seria necessário a transição para fontes de energia que não emitam gases do efeito estufa, como luz solar e eólica, a redução no desperdício de água, bem como no consumismo em todos os setores, desde comida até vestuário.
Mas se reduzir, reutilizar e reciclar não der certo, em último caso, a humanidade talvez tenha que buscar uma alternativa perigosa: criar um escudo de poeira lunar para reduzir o aquecimento global, formando um bolsão entre a Terra e o Sol.
(Fonte: Earth.com/Reprodução)
De fato, a ideia é tão absurda quanto o antigo plano dos Estados Unidos de explodir a Lua usando bombas atômicas em 1950, mas ela é considerada desde que o aquecimento global começou a se tornar um problema cada vez mais perigoso.
A estratégia seria colocar mais de 100 milhões de toneladas de poeira lunar entre a Terra e o Sol para impedir parcialmente que a luz alcance o planeta, pensando que as partículas sombreariam a Terra, absorvendo energia luminosa ou espalhando partículas de luz, as denominadas fótons, para longe da Terra. Para isso, a poeira precisaria ser colocada a 1,5 milhão de quilômetros do planeta, no ponto Lagrange (L1), onde a atração gravitacional do Sol e da Terra se anula.
Contudo, as pesquisas para que a medida desse certo está, pelo menos, a uma década de distância, visto que não há estudo o suficiente sobre como isso poderia afetar a agricultura, os ecossistemas e a qualidade da água em diferentes partes do planeta.
(Fonte: Insider/Reprodução)
A começar por como essa poeira se comportaria em L1, porque pesquisas já apontaram que a energia de fótons e o vento solar podem, aos poucos, afastar a poeira de sua posição desejada. Portanto, para evitar esse problema, a equipe de Benjamim Bromley, professor de física e astronomia da Universidade de Utah, usando um simulador, descobriu que lançar continuamente um fluxo de poeira lunar do polo norte da Lua em direção a L1 a uma velocidade de 2,8 quilômetros por segundo pode ser uma opção mais viável.
A simulação indicou que cada partícula de poeira passaria cerca de 5 dias bloqueando a luz solar da Terra antes de se dispersar pelo Sistema Solar. Um escudo de poeira com massa de 1 milhão de toneladas perto de L1 por um ano poderia diminuir a luz na Terra em 1,8%.
(Fonte: Scroll/Reprodução)
Com isso, voltamos a imprevisibilidade do curso da poeira e, sobretudo, de como sua incidência vai afetar na temperatura, precipitação, ventos e outros fatores que vão mudar de forma diferente em cada região do globo. Além disso, as imprecisões e dispersão da poeira também poderiam levar a quedas de micrometeoritos na Terra, causando danos aos satélites que orbitam o planeta.
No final das contas, a Organização das Nações Unidas precisaria aprovar toda a análise de engenharia em larga escala feita por agências do mundo todo. E, ainda assim, esse projeto ousado e megalomaníaco jamais poderia substituir os esforços terrestres para diminuição nas emissões de carbono, visto que se trataria de uma medida paliativa para evitar que sufoquemos.
A abordagem poderia compensar o aumento nos níveis de dióxido de carbono que ocorreu desde a Revolução Industrial, sendo eficaz na redução da temperatura global, mas ainda é incerto se valeria a pena em relação ao esforço e aos recursos utilizados.