Vênus pode ter mais de 85 mil vulcões em sua superfície

05/04/2023 às 09:082 min de leitura

Um novo mapa de Vênus, conhecido por seu calor extremo e pressão atmosférica esmagadora, revelou que pode haver mais de 85 mil vulcões cobrindo sua superfície, embora ainda não esteja claro quantos estão ativos, dormentes ou geologicamente mortos.

O estudo, publicado em março deste ano por Paul Byrnes e Rebecca Hahn no Journal of Geophysical Research: Planets, usou um software para analisar dados coletados durante a missão Magellan da NASA, que orbitou uma sonda ao redor do planeta entre 1989 e 1994.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Anteriormente, os cientistas já haviam identificado milhares dessas estruturas na superfície do planeta, que somadas ao manto pegajoso fluindo sob sua crosta externa e uma atmosfera é rica em dióxido de carbono e enxofre, serviam como fortes indicativos de um passado vulcânico. Contudo, acreditava-se que Vênus já era geologicamente morto, incapaz de passar por tais eventos por não possuir mais placas tectônicas, um fator essencial para as grandes erupções aqui na Terra. 

Porém, uma pesquisa publicada em fevereiro deste ano provou que sua crosta externa é muito mais fina e mole do que se pensava, sugerindo que o magma conseguiria chegar até a superfície. Além disso, outro estudo revelado em 15 de março analisando novamente os dados da sonda Magellan apontaram indícios de uma erupção vulcânica em 1991, o que levou a criação do novo mapa destacando todos os vulcões em potencial.

(Fonte: Rebecca Hahn/Paul Byrne/JGR Planets/Reprodução)(Fonte: Rebecca Hahn/Paul Byrne/JGR Planets/Reprodução)

Cerca de 99% das estruturas geológicas mapeadas são relativamente pequenas, com menos de cinco quilômetros de largura, o que dificultava a diferenciação de seus arredores e impedia que fossem detectadas. 

Além disso, muitas estão agrupadas em formações chamadas de campos vulcânicos, e embora os pesquisadores ainda não saibam porque isso aconteceu, eles acreditam que algumas podem ser ainda menores do que as avistadas no novo mapa, com menos de um quilômetro de diâmetro.

Felizmente, já existem duas missões programadas para sondar o planeta, a VERITAS da NASA — em dezembro de 2027 — e a EnVision da Agência Espacial Europeia - no início da década de 2030. Ambas possivelmente fornecerão imagens de alta resolução, algo que não apenas possibilitará avistar os vulcões menores, como possivelmente fornecer mais informações sobre quantos estão realmente ativos.

Modelo 3D do cume de Maat Mons, o vulcão que entrou em erupção em 1991. (Fonte: NASA/Reprodução)Modelo 3D do cume de Maat Mons, o vulcão que entrou em erupção em 1991. (Fonte: NASA/Reprodução)

Enquanto isso, os criadores do novo mapa esperam que ele possa ser utilizado para prever erupções no futuro e compreender mais sobre o passado vulcânico de Vênus.

"Já ouvimos de colegas que eles baixaram os dados e estão começando a analisá-los, o que é exatamente o que queremos. Estou animado para ver o que eles podem descobrir com o novo banco de dados", afirmou Byrne, cocriador do estudo e cientista planetário da Universidade de Washington em Saint Louis, Estados Unidos.

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