Ciência
18/05/2023 às 09:00•2 min de leitura
Em um trabalho que promete surpreender os curiosos sobre um dos maiores naufrágios já acontecidos na história, a empresa Magellan (especializada em trabalhos que envolvem as profundezas do mar) recriou uma versão submersa do Titanic em proporções reais utilizando imagens tridimensionais.
O trabalho em questão precisou de 700 mil imagens, conforme relatado pela BBC. Elas foram obtidas por submersíveis controlados remotamente em um trabalho que exigiu mais de 200 horas de dedicação dos profissionais envolvidos.
Nesse processo, os engenheiros passaram instruções para que os exploradores robóticos pudessem escanear o navio naufragado a uma profundidade de 3.800 metros. Dessa forma, foi possível ter uma visão mais exata das duas partes divididas ao meio para fazer uma recriação com um nível de detalhes surpreendente, como é possível ver na gravação a seguir:
A new view of the Titanic! New scans reveal the world's most famous wreck as never seen before. They show the wreck in its entirety - it's as if the water has been drained away… Check it out here #Titanic
— Rebecca Morelle (@BBCMorelle) May 17, 2023
(Footage: @AtlanticProds/ Magellan) pic.twitter.com/1nOdfc7mWb
"A profundidade dele, quase 4.000m, representa um desafio, e você também tem correntes no local — e não podemos tocar em nada para não danificar os destroços", disse Gerhard Seiffert, da Magellan, encarregado do planejamento da expedição.
"O outro desafio é que você precisa mapear cada centímetro quadrado — até mesmo partes desinteressantes, como no campo de destroços, você precisa mapear a lama, porque precisa disso para preencher todos esses objetos interessantes", continuou o especialista.
Falando ao site da BBC Parks Stephenson, analista do Titanic, comentou que esse modelo criado após o estudo "é um grande primeiro passo para entender a história do Titanic com base em evidências de pesquisa — e não em especulações".
Com essas imagens, os especialistas puderam conhecer alguns detalhes mais concretos, como a escala real do navio e até mesmo o número de série das hélices utilizadas na construção do navio.
A análise mostra, inclusive, que a proa do navio ainda continua totalmente reconhecível mesmo mais de um século após o seu naufrágio (que aconteceu em 14 de abril de 1912). Entretanto, o mesmo não pode ser dito da popa, que acabou ficando bem danificada após naufragar.
A exploração conseguiu encontrar inclusive alguns detalhes interessantes, como partes metálicas do navio que continham ornamentos, estátuas, garrafas de vinho que nunca foram abertas e até mesmo diversos sapatos que acabaram naufragando.
Reconstrução tridimensional do Titanic pode ajudar a entender como de fato aconteceu o naufrágio. (Fonte: BBC/Reprodução)
Conforme mencionado, o trabalho dos pesquisadores ainda vai continuar, já que as imagens foram capazes de revelar novas perspectivas para uma compreensão mais precisa do que de fato aconteceu na noite do naufrágio.
"Nós realmente ainda não compreendemos a natureza da colisão com o iceberg. Nós sequer sabemos se ele de fato foi atingido na lateral, como mostrado em todos os filmes — ele pode até afundado no lugar do iceberg", comentou Park Stephenson, outro estudioso do Titanic.
Ele revelou, inclusive, que os danos encontrados na popa podem dar uma ideia mais clara de como o grande navio de fato naufragou — e isso poderia colocar um fim na dúvida que muitas pessoas ainda têm quando se fala do fim do Titanic.